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Cultura

Alphadi, designer africano de renome internacional, quer trazer FIMA para Mindelo

O estilista nigeriano Alphadi, conhecido como “O mágico do deserto”, quer trazer o Festival Internacional de Moda Africana (FIMA) para S. Vicente. Trata-se do maior evento de moda africana e reúne criadores de todo o continente. Realiza-se há 22 anos no Niger e foi pensado para promover esta indústria internacionalmente, mas também para sublinhar a importância da paz e da união como chaves para um bom trabalho. Estas informações foram avançadas ao Mindelinsite por este criador, considerado o pai da moda africana, numa entrevista exclusiva, no âmbito de um evento realizado este fim-de-semana em S. Vicente, cujo propósito é promover Mindelo como “hub” cultural e turístico da África. 

 A data para a realização do FIMA na ilha de São Vicente ainda não foi definida, mas este designer, que se rendeu por completo à beleza e à simplicidade dos mindelenses, mostra-se confiante porquanto, diz, já conversou com as autoridades nacionais e estes mostraram um interesse genuíno. “Estou impressionado com os mindelenses. São pessoas simples, agradáveis e interessadas. Mas o meu combate é sobretudo pelos jovens talentos desta ilha, que são muito criativos, mas não têm muitas oportunidades. Queremos mostrar para eles que a África é um grande mercado e podem aprender muito. Não precisam ir a Paris, Itália ou Nova Iorque para aprender a fazer moda. A moda africana é rica e muito bonita”, explica.

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Para este designer, que tem lojas em Paris e Nova Iorque, e uma linha de perfumes, trazer o festival para Cabo Verde seria muito importante em termos de promoção turística do país, que tem beleza e criatividade, mas carece de profissionalização. “Há 22 anos realizamos o FIMA no Niger e tem sido um enorme sucesso. Isto num país islâmico, onde quase tudo é proibido. Em 2018 deslocamos o evento para Marrocos e foi incrível. Acredito que será um êxito aqui porque o FIMA não é apenas um festival de moda, faz a promoção de lugares turísticos extraordinários em Africa que precisam ser partilhados com o resto do mundo. E aqui é magnifico.”

Alphadi, que há mais de 30 anos reinterpreta as vestes tradicionais africanas, explica que o FIMA surgiu para mostrar a África ao mundo: as roupas de tecidos fortes que dão ao continente um brilho único, as maquiagens feitas para seduzir, os turbantes, as peles, capas, túnicas, etc. “Nasci em Tombuctu e hoje resido na capital mundial da moda, Nova Iorque. Mas estou com freqüência em Abidjan, Dacar, Marrocos, Niamey…Estou em todos os lugares. Tudo o que faço é para levar a moda africana ao mundo. É por isso que estou aqui em S. Vicente para fazer a promoção de Cabo Verde enquanto produtor de moda. Quero mostrar a moda local.”

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No caso do arquipélago, de acordo com este estilista, a sua riqueza está na sua imagem, beleza, juventude e mestiçagem. “Viemos promover a cooperação Sul-Sul e mostrar a Cabo Verde aquilo que se faz em África, particularmente no Niger. Queremos introduzir estas ilhas no continente porque há uma percepção de que o país está muito longe. As pessoas daqui têm como referência a Europa e os Estados Unidos. É preciso voltar para dentro. Queremos dar a chance aos cabo-verdianos de trabalharem para levar a imagem do seu país para a África e ganhar dinheiro. Somos um mercado de mais de 1,2 biliões de habitantes e Cabo Verde não tem tirado proveito disso. A África é muito importante para este país.”

Alphadi é um dos convidados do ADS (Africa Development Solution) pertencente ao grupo Global Samba Bathily, organizador do Meep-up Mindelo, mesa-redonda que decorreu em S. Vicente sobre melhoramento do destino da África através das indústrias criativas, desporto e entretenimento.

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Constânca de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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