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UCID afirma que Governo possui recursos para reduzir o medo ligado à criminalidade, mas não o faz por incapacidade

A UCID defendeu esta manhã que o Governo possui recursos e pode reduzir o clima de medo que assola a cidade da Praia, provocada pela onda de criminalidade, caso queira. Segundo o líder desse partido, o Palácio da Várzea só não alcança esse objectivo por mera incapacidade.

“Sabe-se que é impossível eliminar a criminalidade no seu todo, mas, se forem tomadas medidas sérias, consegue-se perfeitamente reduzir o sentimento de insegurança que se vive no país, pois, as pessoas precisam de um pouco de tranquilidade”, frisou João Santos Luís, presidente dos democratas-cristãos, para quem o combate à insegurança, principalmente na cidade da Praia, terá que passar por um plano que inclua medidas de prevenção, recuperação e de reinserção social. Para a UCID, a insegurança vivida no ano de 2022 um pouco por todo o país interpela os actores políticos com responsabilidade nesta matéria para a procura de outras soluções urgentes e a implementação prática de medidas que não sejam somente a repressão e reclusão.

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Outro item cujo desempenho ficou aquém do esperado em 2022, na perspectiva da UCID, é a situação dos transportes, um segmento de “importância capital” para C. Verde. No ano que ora finda, diz, este sector continuou com altos e baixos. A nível aéreo, revela que o preço exorbitante das passagens, nas linhas domésticas e internacionais, criou muitas dificuldades na mobilidade dos cabo-verdianos entre as ilhas e com o mundo.

“As soluções anunciadas pelo governo em 2016, já lá vão quase 7 anos, ainda não apareceram, pelo contrário a situação terá agudizado ainda mais, pois a TACV acabou por perder o seu certificado de navegabilidade. O Governo anunciou a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades, mas que nunca se concretizou”, critica o partido, acrescentando que os inquéritos realizados pelo Parlamento cabo-verdiano através das CPIs a este respeito nunca tiveram efeitos práticos.

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Quanto ao transporte marítimo, prossegue, o Governo continuou na sua “propaganda”, controlando quantos passageiros e a quantidade de mercadorias que foram movimentados entre as ilhas, sem ao menos se preocupar com a definição de uma política de transporte abrangente que inclua os recursos humanos e sirva melhor aos cabo-verdianos. Além disso, segundo a UCID, prevalece a “guerrilha” entre o Governo e a concessionária CV Interilhas.  A UCID realça que os casos relacionados com os transportes marítimo e aéreo têm sido “muito mal geridos pelo Governo” e em 2022 não se conseguiu aprimorar a gestão dos referidos dossiers.

O ano 2022, acrescenta a UCID, ficou marcado pelas reclamações das esperas nos hospitais centrais para consultas de especialidade e exames de diagnóstico. Além disso, afirma que a região norte do país continuou sendo discriminada negativamente pelo Executivo, que não promoveu a compra e instalação de uma máquina de TAC no hospital de S. Vicente para aliviar os cidadãos que não dispõem de recursos para realizarem esse exame numa clínica privada. No decurso deste ano, as condições de prestação de cuidados de saúde no Sal e Boa Vista, consideradas as ilhas mais turísticas do arquipélago, foram negativas, na visão do partido.  

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A UCID considera ainda que ficaram por resolver várias questões laborais, como as “eternas reivindicações” das pendências dos professores no activo e reformados. A par disso, menciona a situação dos trabalhadores do Ministério da Agricultura em Santo Antão, em particular os do Planalto Leste, que, conforme a UCID, são submetidos a uma espécie de “escravatura moderna” e recebem salários miseráveis.

O desemprego na camada jovem, os impactos ambientais devido a queima de lixo a céu aberto, os impasses nas Câmaras de S. Vicente e da Praia e o caso Amadeu Oliveira – deputado da UCID detido e condenado a 7 anos de cadeia – foram outros pontos marcantes em 2022 apontados pelos democratas-cristãos.

No entanto, a UCID salienta que vários factores contribuíram para a situação vivida em Cabo Verde neste ano, como a prevalência da pandemia da Covid-19 e os impactos da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão da Rússia. Segundo João Santos Luís, a referida guerra desencadeou um aumento significativo dos preços dos produtos energéticos e alimentares, que se juntaram aos efeitos da seca. “Importa referir que o país nunca foi preparado para resistir a choques, sobretudo os externos”, considera. Na perspectiva desse político, 2022 veio demonstrar que C. Verde precisa reinventar outras estratégis de desenvolvimento, valorizar as potencialidades endógena.

Para a UCID, o único indicador que esteve um pouco animado foi o PIB, que manteve a tendência de crescimento robusto nos trimestres anteriores. Porém, apesar do início da retoma económica e do crescimento do Produto Interno Bruto em 2022, tudo isso não teve efeitos práticos na vida do cidadão comum. A UCID realça que várias famílias passaram por “tremendas dificuldades” e boa parte manteve-se em situação de insegurança alimentar.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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