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O povo mindelense e autoridades uniram esta tarde lágrimas e o coração no ultimo adeus ao poeta, politico e diplomata Onésimo Silveira, falecido ontem na cidade do Mindelo na sua residência. Foram centenas de amigos que formaram um cortejo embalado pelas mornas d’Soncent numa tarde ensolarada e acompanharam Cuxim no seu ultimo “passeio” pela morada e a rua da Praia d’Bote.
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No salão nobre da autarquia mindelense, onde o corpo esteve em câmara-ardente desde as dez e meia desta manhã, os discursos enalteceram a sua figura de intelectual ímpar, político irreverente, defensor intransigente do povo e da ilha de S. Vicente, mas também o único em Cabo Verde que teve o dom de “hipnotizar” a audiência discursando em português. Esta qualidade foi evidenciada tanto pelo edil Augusto Neves como por Albertino Graça, reitor da Uni-Mindelo, universidade que homenageou o malogrado em vida atribuindo o seu nome ao principal auditório dessa escola de ensino superior e o título de Dr. Honoris Causa. “O Dr. Onésimo Silveira foi o único que o povo escutou em português, nenhum outro político conseguiu a audiência do povo discursando em português”, frisou Graça durante uma curta mensagem em frente à Uni-Mindelo, por onde o cortejo fúnebre passou antes de descer para Chã d’Cemitério.
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Momentos antes, Augusto Neves, presidente da CMSV, tinha sublinhado no Paços do Concelho essa capacidade de Silveira de “magnetizar” o público com o seu extraordinário poder de oratória na língua de Camões. Emprestando uma mensagem da autoria de Amilcar “Picau” Lima, o autarca descreveu Silveira como um cidadão do mundo, diplomata fino e de profunda visão, controverso, polémico e pragmático, dono de um poder de oratória inigualável, com as suas raízes populares fincadas na sabedoria popular. Ele, um homem inteligente que amava e defendia o seu povo e que gerou com criatividade uma obra artística de elevado valor cultural. Como enfatizou Neves, fica difícil falar para quem tinha o dom da palavra, escrever sobre quem tem o dom da escrita, emocionar quem fala ao coração dos homens.
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Homem de tantos feitos e feitios, Cuxim, como era tratado, é um “tema” abrangente, um homem que marcou a sua época. Segundo Dora Pires, presidente da Assembleia Municipal, só ontem à noite deu-se conta da dolorosa perda quando alguém lembrou-a que foi a primeira pessoa a anunciar formalmente a morte do “Dr. Onésimo Silveira”. Um anúncio que aconteceu ontem de manhã logo no começo da sessão extraordinária da Assembleia Municipal e que acabou por ser suspensa. Para essa professora, não existe palavra nos dicionários para descrever quem foi Onésimo Silveira.
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Como é natural, o activismo politico do fundador do PTS e do Espaço Democrático em S. Vicente foi trazido à tona nessa cerimónia. E coube a Joaquim Sena, ex-presidente da Assembleia Municipal de S. Vicente, reconhecer tudo o que ele e outros autarcas mindelenses aprenderam com Silveira tanto na CMSV como nas reuniões do Movimento para o Renascimento de S. Vicente, grupo que ele liderou. Foi em representação deste movimento político que Sena prestou uma derradeira homenagem ao “digno companheiro das primeiras eleições autárquicas em S. Vicente”.
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Onésimo partiu, mas, como enfatizou o pastor Claudino Gomes, da Igreja Evangélica Batista do Mindelo, é um “até já”. “Lamentamos a perda fisica, mas, por outro lado, alegramo-nos pelo imenso contributo que deu em prol de uma vida digna para os cabo-verdianos”, salientou Gomes, lembrando que, apesar da sua vida atribulada e dos problemas de saúde, Onésimo Silveira fazia questão de frequentar as sessões e cultuar a Jesus Cristo.
O corpo de Onésimo Silveira foi recebido à saída da CMSV por uma salva de palmas das centenas de pessoas que estavam à espera para se despedirem dele. Uma reverência humilde, mas que simboliza a importancia que o malogrado Cuxim representava e representa para o povo da terra do Monte Cara.