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Nelson Lopes diz que “Más Soncent” é um renascer de esperança para SV

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Criar um ambiente económico favorável à geração de emprego é a maior bandeira do movimento independente Más Soncent para tirar esta ilha do “fundo do poço”. Nelson Lopes, que a cinco dias das eleições diz-se confiante na vitória, acredita que, através das geminações e de investimentos, sobretudo da diáspora – que retraiu por conta da excessiva burocracia camarária – será possivel reduzir o desemprego na ilha e assim melhorar as condições de vida das pessoas. O desporto e a cultura são outras áreas onde espera fazer S. Vicente voltar a brilhar.

– Por Constânça de Pina

Mindelinsite – A cinco dias das eleições, sente que está a “correr por fora” ou acredita que reúne condições para ganhar a CMSV?

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Nelson Lopes – A cada dia sinto que temos todos as condições de ganhar estas eleições autárquicas. Em todas as zonas por onde temos passado somos bem recebidos e sentimos que a nossa mensagem está a chegar. Sinto que os sanvicentinos estão a abraçar o nosso projecto, que emerge como um renascer da esperança para uma mudança para esta ilha. Temos sentido isso de forma  muito calorosa e estamos muito positivos em relação aos resultados. Acreditamos que vamos ter uma vitória no dia 25. 

M – Como pretende responder a esta esperança que diz os mindelenses estão a depositar no movimento independente Más Soncent?

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NL – Estamos conscientes que vai exigir um trabalho árduo, mas estou confiante porque tenho uma equipa já com experiência dadas de trabalhar em meio a dificuldades. E sou um deles. Acredito que iremos chegar no patamar da esperança que as pessoas estão a depositar em nós. Acredito que, a partir do dia 25, iremos ter um S. Vicente completamente diferente, no bom sentido, e verdadeiramente desenvolvido. Iremos ter um SV de esperança onde todos sentirão orgulho de dizer que são e vivem nesta ilha. 

M- Desde o início da campanha eleitoral tem vindo a dizer que SV está no fundo do poço. Como pretende tirar a ilha deste “fundo do poço”?

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NL – Vou incidir principalmente em criar condições para a estabilidade económica de S. Vicente. Esta é uma ilha com um grande potencial económico, mas a forma como tem sido governada até agora empurrou SV para o fundo do poço. Acredito que com uma boa gestão é possível tirar esta ilha do marasmo em que se encontra. 

Há muitos “Nelson Lopes” em SV

M – Outra bandeira do movimento é o desemprego, mais precisamente a necessidade de criar mais emprego na ilha. Neste momento a CMSV é um dos maiores empregadores da ilha, mas não tem sido suficiente para resolver este problema. Então como pretende fazer isso?

NL – Temos estado a perder população por falta de emprego. As pessoas viajam para Santiago, Boa Vista e Sal à procura de uma vida melhor. Acreditamos ser possível criar uma ilha com condições para gerar emprego. Antigamente as pessoas vinham para SV à procura de emprego e fixavam residência aqui. Mas, por conta da má gestão, o cenário inverteu-se. Acredito que com uma boa gestão iremos criar condições para que os jovens tenham uma oportunidade de trabalho.

Temos uma emigração forte, gente com vontade de investir nesta ilha. Se criarmos um gabinete próprio para dispensar uma atenção especial para a nossa diáspora esta virá com certeza investir e muitos jovens vão encontrar trabalho. Infelizmente estes hoje não fazem investimentos nesta ilha por falta de oportunidades e a burocracia. 

Por outro lado, nesta ilha estamos a “esburdiar” de talentos nos vários sectores. No meu caso, por exemplo, comecei a minha empresa com zero investimento. Apenas quatro pincéis e alguma tinta. Hoje a minha empresa é internacional com muitos funcionários. Acredito que há muitos “Nelson Lopes” em SV. Jovens que podem criar as suas empresas e dar emprego a outros jovens.

Nivel de habitabilidade

M – A nível social esta ilha carece intervenções de fundo, por exemplo, na área da habitação. Já percorreram toda a periferia, nesta altura que projectos ou ideias Más Soncent tem para resolver este problema?

NL – Aqui também a questão do emprego é fundamental. Se uma pessoa não tem rendimentos não tem como ter uma casa digna. Por causa disso, muitos jovens optam por construir casas de lata ou de outros materiais na esperança de um dia conseguir a sua legalização na CMSV.  Mas há outras famílias que verdadeiramente não têm condições financeiras. Neste caso, para evitar viver na rua, constroem uma casa de lata. Acredito que, através das geminações, poderemos ajudar estas famílias. Somos uma equipa que já deu provas a nível pessoal e que viaja muito. Penso que podemos aproveitar a nossa experiência a nível internacional e trazer geminações. Temos um projecto concreto para as casas de lata. Por exemplo, podemos utilizar as estruturas remodelados dos contentores para dar melhores condições de habitabilidade às pessoas. Como estão é que não podem continuar. Hoje enfrentam o calor, o frio e pior quando chove. 

/ Muitos jovens optam por construir casas de lata ou de outros materiais na esperança de um dia conseguirem a legalização na CMSV. 

Há ainda outras tecnologias que podem ser aproveitadas. Por exemplo, é possível fazer investimentos para construir casas mais acessíveis às pessoas. Mas entendo que não faz sentido terem uma boa casa e continuarem a passar fome. Penso que é importante dar estabilidade económica a estas famílias e isso só é possível se estiverem empregadas para que haja equilíbrio social. 

M – SV é uma ilha com um performance desportivo excelente. Como pretende potenciar este sector?

NL – Como disse, SV é uma ilha com muito talento. A nível do desporto, em todas as competições em que estão clubes ou selecções de SV, antes trazíamos troféus. Mas, de alguns anos para cá, temos vindo a perder brilho. A raiz do problema é a nossa Câmara Municipal, que não apoia financeiramente nem os clubes nem as associações desportivas. São os clubes que têm estado a sustentar o desporto. Não é aceitável porque estes já têm as suas limitações económicas. A nossa gestão vai apostar fortemente no desporto e na cultura porque, apoiando um ou outro, continuaremos a dar a visibilidade de outros tempos. Sabemos de clubes de futebol profissional que vieram para SV com projectos concretos para apresentar a CMSV. Tiveram encontro com o então presidente e que estão há cerca de dois anos à espera da aprovação dos seus projectos pela autarquia.  E estamos a falar de investimentos avultados em que jovens de SV tinham oportunidade inclusive de fazer estágios em equipas na Europa. Infelizmente estão a perder estas oportunidades porque a equipa camarária não se preocupa com o bem-estar e com o desporto a nível local.

/ A raiz do problema é a nossa Câmara Municipal que não apoia financeiramente nem os clubes nem as associações desportivas.

M – Já agora, e a Cultura?

NL – Falando da cultura, SV é a ilha mais cultural do país, mas não temos sabido tirar proveito disse. Neste momento a nossa cultura resume ao carnaval e ao festival. Mas SV é muito mais do que isso. SV é uma ilha que respira cultura diariamente e não de tempos em tempos. Então temos de apostar forte na cultura. E não foi por acaso que convidei Grace Évora para integrar esta equipa. Foi para trazer a sua experiência profissional. São mais de 30 anos de carreira. Neste momento, apenas a sua presença na nossa equipa trouxe uma dinâmica diferente no seio artístico. Estão a aproximar novamente de SV, na esperança de que Grace na Cultura vai trazer muito para SV. Penso que vai movimentar esta área não só na ilha e no país, mas também a nível internacional. Vai trazer know how para ajudar novos talentos na ilha.  Podem acreditar que Más Soncent tem muito para dar. Desporto e Cultura vão ser nosso pontos fortes, para além do emprego. 

Campanha atípica

M – São um movimento novo, mas surgiram num contexto complexo, em plena pandemia da Covid-19. Por conta disso, esta é uma campanha atípica. Como se sentem a fazer uma campanha sem comícios, ou seja, sem poder se mostrar de forma livre e com o maior contacto possível?

NL – Realmente tem sido difícil dar a conhecer o nosso movimento independente. É um desafio porque temos de respeitar as leis estabelecidas pelas autoridades. Assinamos um memorando de entendimento sobre a questão da saúde, mas acredito que temos conseguido dar volta às dificuldades. Somos pessoas que estão acostumadas a ultrapassar barreiras e temos estado a inventar e a trocar ideias para fazer com que a mensagem chegue aos eleitores. E acredito piamente que temos conseguido. 

O MindelInsite publica aqui a segunda entrevista com um dos quatro candidatos na corrida à CMSV. Foi remetido um questionário com 10 perguntas a todas as candidaturas, que serão publicadas nos próximos dias.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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