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Atualidade

João Branco: “Assumir-me como cabeça-de-lista é uma declaração pública de apoio ao Bloco”

O director do Centro Cultural Português do Mindelo, João Branco, diz encarar o desafio de ser cabeça-de-lista nas próximas eleições legislativas em Portugal como uma declaração pública de apoio ao Bloco de Esquerda. Este encenador, fundador do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português e do Festival de Teatro Mindelact está consciente que, tendo em conta o eleitorado do circulo de fora da Europa, há poucas hipóteses de ser eleito.

Num exclusivo ao Mindelinsite a partir de Macau, onde se encontra em tournée com a peça “Sonhador” do Grupo de Teatro do CCP, João Branco explica que, com esta decisão não está a entrar para a “política activa”, apesar de neste campo, quase sempre tenha estado afastado de lides partidárias ou eleitorais. Diz que desde sempre manifesta, através de declarações pessoais, posicionamentos políticos sobre aspectos da actualidade. “Como cabeça de lista, considero e encaro este desafio mais como uma declaração pública de apoio ao Bloco de Esquerda, nas próximas eleições legislativas em Portugal. Até porque, mesmo historicamente, tendo em conta o eleitorado deste círculo, há poucas hipóteses de ser eleito”.

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Branco não acredita que a opção política não terá repercussão na sua vida porquanto a campanha terá 15 dias de duração e, depois, tudo passa. Por outro lado, sempre se posicionou como um homem de esquerda pelo que esta experiência não vai mudar a sua vida ou a dos que lhe são próximos. Instado se vai fazer campanha, explica que no círculo “fora da Europa”, as campanhas ficam mais dificultadas. “Não há meios para viajar pelo mundo a fazer comícios entre as comunidades portuguesas. Penso que a campanha será, neste caso, mais feita pelos meios de comunicação que permitem ultrapassar essas distâncias: os tempos de antena e as redes sociais.”

João Branco está a candidatar-se como independente, condição imposta para aceitar ser cabeça-de-lista do Bloco. Este diz que não é filiado em nenhum partido e nem pretende fazer, em Cabo Verde ou em Portugal, não obstante os convites. Sobre as razões do convite formulado por Catarina Martins para integrar a lista, este activista cultural acredita que estarão o seu percurso pessoal, profissional e artístico. “A minha candidatura foi aprovada por larguíssima maioria da direcção do partido. Penso também que ter aceite este convite representa para mim uma forma de ter Cabo Verde representado neste processo eleitoral, o que é algo que muito me orgulha. Sou um candidato que tem nacionalidade portuguesa, mas também cabo-verdiana. Estas duas facetas da minha biografia são indissociáveis.”

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Já quando questionado se o João Branco político é apenas temporário, este explica que esta sua veia sempre existiu, até porque, frisa, o artista só o é, sendo político, tomando posições sobe os assuntos do dia-a-dia. E isso sempre fez, muitas vezes até em prejuízo próprio. “Muitas pessoas que me são próximas dizem que falo demais. Agora, aventuras eleitorais, não prevejo que possam existir muitos mais”, completa este nosso entrevistado, para quem, a sua candidatura é uma forma de reconhecer o papel do Bloco de Esquerda na última legislatura que, assegura, favoreceu Portugal.

É que, a seu ver, tirou-se um Governo nefasto de direita do Poder e contribuindo para um acordo que, ao contrário do que muitos previam, não só aconteceu, como acabou por dar certo e ser extremamente positivo. Alias, a tal gerigonça é hoje um study case e um caso único na Europa, cuja tendência em vários países é o incremento da direita ou mesmo da extrema direita. Por outro lado, enquanto candidato português e também cabo-verdiano, esta iniciativa acaba por ser, garante, um tributo a Cabo Verde, pelo menos é assim no entender deste encenador e director do CCP.

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Constânça de Pina

Foto: Queila Fernandes

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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Um Comentário

  1. Katarina Martins e’ o melhor da esquerda de Pt e do mundo ,tendo demostrado respeito pela democracia a cambio de nada ,entenda-se nada como poder ,agora apoiando o candidato Branco se reafirma e no particular não me desilude ,óptimo , ,eleger a Blanco e’ ser sensível e’ ver o diamante em bruto que e’ Branco q x décadas tem arado no mar para semear a cultura algo tão difícil de entender num contexto de outras “prioridades” ,chegou o microscópio o homem a lua mais a cultura …. tem sido difícil . De tal maneira junto aos dois no mm patamar . Demorei décadas em reconhecer o esforço titânico do Branco ,mais fiz. Ele e’ um lutador da cultura x a cultura junto ao colectivo de atores .

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