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Emigrantes “muito atentos” pedem adesão em massa dos cabo-verdianos à manifestação de 05 de Julho em SV

Os cabo-verdianos residentes fora do país estão atentos às recentes manifestações da sociedade civil, principalmente a marcada para amanhã em São Vicente, e apelam a uma adesão em massa da população ao protesto promovido pelo movimento Sokols. É o caso de Carlos Fortes Lopes, que desafia as restantes ilhas para mostrarem o seu descontentamento amanhã, à mesma hora, contra a política centralista do Governo. “Gostaria de ver todas as ilhas unidas no dia 05 de Julho e a manifestarem. Não devem esperar apenas por uma ilha porque todas estão a sofrer com a centralização. A manifestação deve ser nacional. E vou estar aqui atento a acompanhar os acontecimentos”, afirma.

A posição de Lopes é partilhada por Dinis Graça e outros emigrantes que dizem rever-se nas suas declarações. Este garante que os cabo-verdianos no exterior estão atentos ao que se passa no país, mais do que muita gente pode imaginar. “Estamos a viver intensamente aquilo que está a acontecer em Cabo Verde. Penso que até mais que muitas pessoas que estão no país e que deviam fazer mais. Somos quase que a retaguarda daquilo que está a passar. Estamos a acompanhar com uma certa excitação o protesto do dia 05 de Julho. O que esperamos é que a população de São Vicente venha aderir em massa”, frisa Graça em entrevista telefónica exclusiva ao Mindelinsite, a partir dos Estados Unidos.

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Este emigrante diz esperar, ao mesmo tempo, o apoio dos cabo-verdianos às iniciativas que chegam de fora, em especial quando criticam certas injustiças sociais que ficam a saber através da imprensa e das redes sociais. Cita como exemplo as denúncias feitas por Alexandre Évora, que tem divulgado vídeos-opiniões a apelar a um maior envolvimento sobretudo dos jovens no combate aos problemas sociais, ao invés de perderem tempo em festivais e outras distrações. “Vimos com muito interesse as manifestações em São Nicolau e na Brava. Em Cabo Verde está-se a criar uma consciência de que algo precisa ser feito. É inadmissível num país como o nosso, com uma população de 500 mil pessoas, vermos situações que acontecem no interior de Santo Antão, de Santiago e de outras ilhas, de pessoas com carências básicas, principalmente de água e de serviços de saúde. Estamos a seguir estas situações.”

Enquanto emigrante, este lembra que estão limitados. Mas isso não impede que, no futuro, venham a desenvolver acções mais firmes. Enquanto isso, Graça entende que os deputados, em particular os eleitos pela emigração, deveriam criar um grupo independente no Parlamento porque “foram eleitos para defender os interesses da emigração e de Cabo Verde em especial”.

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Contramanifestação

As movimentações para esvaziar a manifestação e as tentativas de colagem à oposição também já chegaram à emigração. Para Dinis Graça, isso é normal em democracia, mas lembra que manifestar é a arma da população. “Não é só o MpD que vai catalogar e colar a oposição às manifestações. Qualquer outro partido fará o mesmo quando estiver no poder. É algo que se deve, até certo ponto, ao oportunismo político das forças que estão no poder. Veja o que está a passar em Hong Kong e outras partes do mundo. Temos de manifestar porque é a nossa única arma na democracia, mesmo que os partidos no poder as venham rotular.”

Enquanto político e activista nas redes sociais, Graça conta que também já sentiu na pele alguma pressão e hoje tem amigos que se dizem decepcionados com a sua postura, principalmente quando coloca o dedo em algumas feridas. Quando isso acontece, este explica que têm adoptado uma postura pedagógica de tentar convencer estas pessoas que a sua missão é ser apenas um porta-voz daqueles que não têm esta possibilidade. Defende ainda que muitos destes ataques não passam de manobras.

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“Por sorte ou azar, numa altura quando o MpD estava no poder, fiz um telefonema para uma rádio dos EUA a mostrar o meu desagrado por este estar a gastar três milhões de dólares para fazer um festival em Washington, enquanto que em Cabo Verde o teto do hospital Agostinho Neto estava a desabar. Fui violentamente atacado. Num outro episódio, por altura da epidemia da cólera em Cabo Verde, uma jornalista da nossa comunidade veio ao nosso país e fez uma filmagem no hospital da Praia, a meu pedido, que foi divulgado no Cabo Vídeo, também fui atacado.”

Já o emigrante Carlos Fortes Lopes explica num vídeo de incentivo divulgado nas redes sociais que, apesar de longe, vai estar muito perto de Cabo Verde no dia da manifestação. “Desejo que tenham muita força e que nunca desistam porque é preciso mudar. Cabo Verde não pode continuar a ser apenas a ilha de Santiago, mais precisamente a cidade da Praia. É de Santo Antão à Brava. As coisas não podem continuar como estão e só o povo, junto, consegue fazer esta mudança”, declara, incentivando as pessoas a fazerem o possível e como deve ser para o Governo entender que não é dono deste país. Foi sim eleito para trabalhar para todas as ilhas e a população.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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13 Comentários

  1. Quem é este Carlos Fortes Lopes para falar de centralização. Vivendo nos USA diverte se a dizer asneiras. Dinis Graça é pior. Não conhecem este país e este Mindelsite da lhes a oportunidade de vomitar asneiras que ninguém lê.

  2. Acho que já não vale a pena continuar a responder ou a esclarecer esses comnentaristas.
    Fazem esses comentários sem quaisquer fundamentos e insultam mas, conscientes do que estão a fazer algo só por falta de escrupolos.
    Portanto, a nossa luta continua e VAMOS TODOS À MANIFESTAÇÃO NO DIA 5 DE JULHO.

  3. Nada impede que alguém que reside fora possa dar a sua opinião em relação ao que se passa em Cabo Verde.
    Achar que é asneira incentivar o povo a aderir a uma manifestação pacífica para reivindicar os seus direitos é algo que não combina com os preceitos da democracia.
    “Demos+Cracia” significa “Poder do Povo” .
    Num Estado de Direito Democrático o Povo deve estar sempre em primeiro lugar.

  4. Eu vivo do meu trabalho, algo impostos e venço as dificuldades do dia a dia. S.Vicente tem tudo que as outras Ilhas não têm. Mas quer mais. Há mais de 80.000 pessoas em Santiago que não tem água em casa. Centenas de povoados não têm energia e andam quilômetros para ir a um centro de saúde. No entanto, este SOKOL diz que tudo se faz em Santiago e os dois senhores confirmam. S. Vicente está a pedir o quê? Tem tudo. Comparem S.Vicente e Praia e digam a diferença. Trata – se de ódio contra Santiago. No entanto, em todos os concelhos há milhares de pessoas originárias de S.Vicente, que vivem e sofrem as agruras desta vida. Aqui há política. Mas se querem divisionismo, vamos a isso,

  5. Não venham falar mal da minha ilha porque isso não permito. É impressão minha ou as pessoas da ilha de Santiago sentem uma certa rancor e inveja das pessoas da ilha de São Vicente? O pior q nos de São Vicente nunca percebemos o porquê dessa inveja toda.
    Ninguém tem culpa disso . Mas o mais importante aqui é falar no geral para q o dinheiro do povo cabo-verdiana não seja mal gasto. Mas sim q seja utilizado para o bem do povo. Não existe ilha de Santiago e ilha de São Vicente. Existe o cabo verde no geral independentemente da ilha. Deixam se de separatismo. Parem com essa briga entre ilhas. Somos tdos um povo. Somos tdos um só. Vamos lutar para que cabo verde seja um país melhor e para que a corrupção q estão por lá a fazer seja dizimada.

  6. Silverio Marques quer saber “quem é este Carlos Fortes Lopes”.
    Uma pergunta legitima que pese embora a falta de educacao com o ” este”, acho justo responder.
    Carlos Fortes Lopes, é um caboverdeano, nascido e crescido em Mindelo, mas que nao vive nos EUA como adivinhou o Silverio Marques.
    Na verdade, ele é Doutor, professor universitario em portigual.
    Mas o seu princal atributo, nao é nem ser doutor nem ser professor universitario.
    É sim, o facto de ser um cidadao que recebeu da sua cidade o mindelo, aquilo que melhor ela proporcina a quem nela nasce e cresce, ou a ama, e que é a sorte de ser geralmente uma pessoa de mente aberta, com uma forte dose de caracter, verticalidade e honestidade.
    Tá esclatecido?
    Espero eu que sim!

  7. Parabens Sr. Silverio Marques! Gostei do seu argumento! Infelizmente algumas pessoas de S. Vicente pensam que e falam asneiras relativamente à ilha de Santiago que as acolhe de braços abertos, sem bairrismos e sem rancor! Mas tudo tem um limite! No dia em que o povo de Santiago se chatear…..! Que fiquem em S. vicente!!!!!!

  8. Caro Silvério Marques, eles são cidadãos como o senhor que têm o direito a palavra mas permite-me dizer-lhe mais ainda as ditas “asneiras que vomitaram” foram as mesmas que o senhor leu e não gostou. Olha, temos pena!
    Continuação de bom 5 de Julho – Soncent tb é Cabo Verde … Abraço rijo à Soncent!

  9. Somos filhos da TERRA como TU.
    Nao falamos no tempo do PARTIDO UNICO….konta mehs agora.
    Muita gente ta ficando nervosa,!

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