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Arguidos da operação Zorro libertados: Velejadores vão aguardar novo julgamento sob TIR

Os brasileiros e o francês arguidos no processo de narcotráfico Operação Zorro foram soltos hoje à tarde da cadeia de Ribeirinha, onde estavam a cumprir sentença decretada pelo Tribunal de S. Vicente. A decisão do juiz Antero Tavares, o mesmo que condenou os suspeitos em primeira instância, está relacionada com o prazo de prisão preventiva, que estava prestes a acabar. Além disso, um acórdão do Tribunal de Relação de Barlavento, determinou, como órgão de recurso, a anulação da sentença proferida, a consequente marcação de novo julgamento e a audição de um rol de testemunhas brasileiras arroladas pela defesa. O referido juiz negou na altura a audição dessas pessoas, consideradas essenciais pela defesa para provar a inocência dos acusados, mas agora serão interrogadas por determinação do Tribunal de Relação de Barlavento.

Por outras palavras, os envolvidos terão direito a uma nova oportunidade de se livrarem de vez desse peso e escaparem a uma pesada pena de prisão por narcotráfico internacional. Até porque a audiência será presidida por um outro magistrado judicial.

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Os arguidos vão agora aguardar a marcação do julgamento sob termo de identidade e residência, pelo que podem viajar, desde que requeiram a devida autorização. Esta medida contraria o pedido do Ministério Público, que defendeu a interdição de saída do país do grupo.

Na sentença, lida em Março do ano passado, o juiz Antero Tavares condenou os envolvidos a 10 anos de prisão efectiva pelo crime de tráfico de droga. Aplicou ainda como pena acessória a expulsão do país dos condenados após cumprirem a sentença e a proibição de entrada dos mesmos no território nacional por um período de cinco anos. Além disso, todos os bens apreendidos na operação deveriam reverte-se a favor do Estado de Cabo Verde.

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Para o juiz ficou provado que os arguidos sabiam da existência do carregamento de 1.157 quilos de cocaína escondido no iate Rich Harvest e que contribuíram para dificultar a descoberta do estupefaciente. Por outro lado, acrescentou, foram contratados pelo dono do veleiro – um cidadão inglês – para levarem à prática o tráfico e nunca mostraram arrependimento pelo crime cometido.

Percepção diferente tiveram os defensores, que recorreram da decisão da primeira instância para o Tribunal de Relação de Barlavento, cientes da inocência dos seus constituintes. Ao que tudo indica conseguiram os seus intentos, pois este órgão superior decidiu anular a sentença e exigir a marcação de um novo julgamento. E mais: as testemunhas que deveriam vir do Brasil terão agora de ser ouvidas. Estas pessoas parecem ser o maior trunfo dos suspeitos para provarem definitivamente a sua inocência. Caso contrário, o tiro pode sair-lhes pela culatra.

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Os brasileiros Daniel Guerra, Rodrigo Dantas e Daniel Dantes e o francês Olivier Thomas foram presos em Agosto de 2017 no Porto Grande pela Polícia Judiciária, que encontrou o carregamento muito bem escondido no iate Rich Harvest. Isto depois de o mesmo ter passado despercebido às autoridades brasileiras, que vistoriaram a embarcação antes da sua partida do porto de Natal rumo a Portugal. Na sequência dessa descoberta, os quatro tripulantes foram acusados de tráfico e associação criminosa. Mas sempre alegaram inocência. Afirmaram que aceitaram levar o barco só para aumentar as milhas náuticas nas suas carteiras de velejadores. A meio caminho, dizem, acabaram por fazer um desvio para a ilha de S. Vicente devido a uma avaria.

A detenção dos brasileiros levou os pais dos arguidos Rodrigo Dantas e Daniel Guerra a manter uma luta incessante pela inocência dos mesmos. Inclusive, João Dantas e esposa estabeleceram a sua base na cidade do Mindelo para poderem ficar sempre perto do filho. No dia da sentença, João Dantas disse ter ficado surpreso com a decisão, mas que não iria entregar os pontos.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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3 Comentários

  1. Nunca deixei de acreditar que iam ficar livres, no tempo de Deus. Agora é lutar mais ainda para provar a inocência de cada um.
    Os Pais de Rodrigo, João e Aniete, são verdadeiros guerreiros, que nos ensinou e ainda ensina muito sobre perseverança, foco, força e muita fé. Temos um grupo no whatsaap chamado “SOS RODRIGO – A ONDA”, carregado de solidariedade, que nos ajuda a perceber que ainda existe amor no mundo e ainda não se esfriou de quase todos. Gratidão é a palavra registrada para o dia 07/02/2019.

  2. Então a Justiça caboverdeana acredita que cidadãos brasileiros vão viajar para o Brasil e vão voltar com testemunhas para provar a sua inocência ??? Meu Deus. Justiça caboverdeana é palhaçaria mesmo. Entretanto no Sal PJ emite comunicado qeu prendeu uma mulher por narcotŕafico na pose de … 0.76 gramas de padjinha.
    Isso é a prova que Cab Verd está totalmente a ser transformado num Narcoestado. PJ faz opearções para prender uma mulher caboverdeana com 0.75 gramas de padjnha. Tribunal de Relação inocenta cidadãos brasileiros num Yate cheio de cocaina. Mundo interessante este Cabo Verde.

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