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Júlio Delgado mostra o seu “Fascínio pelas Aves” no Centro Cultural do Mindelo

O fotografo Júlio Delgado mostra a sua paixão e fascínio pelas aves de Cabo Verde em uma exposição de fotografias patente no Centro Cultural do Mindelo durante os próximos 30 dias. As fotos foram registadas em São Vicente – nas zonas de Praia d’ Bote e da Galé – e no Ilhéu Raso e mostram, sobretudo aves marinhas, costeiras e migratórias.

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Segundo o fotógrafo, começou a fazer registos de aves de forma aleatória, mas quando já tinha um número significativo de fotos propôs uma exposição ao director do CCM. Foi, entretanto, aconselhado a mostrar o seu trabalho à Biosfera para se inteirar das técnicas e para fazer a identificação. 

“Foi uma boa parceria. A Biosfera me ofereceu uma viagem para Santa Luzia e Ilhéu Raso. Adquiri muitos conhecimentos e fiz muitos registos fotográficos. Posteriormente, fomos também para a ETAR e para a zona atras da Galé, onde fiz mais fotos. Foi-me proposto uma exposição e, como já tinha muito conteúdo, aceitei. E estou aqui a aproveitar este momento”, declarou. 

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A exposição “Fascínio das Aves” é composta por 23 quadros, tendo em conta que o espaço é reduzido. “Optei por mostrar 23 fotografias e fazer um video com os demais trabalhos e sons ambiente. A maioria das fotos foram registadas no Ilhéu Raso, mas tem também algumas de São Vicente, captados na zona da Praia d’ Bote, Galé e atrás da Shell”, diz Júlio Delgado, que se mostra particularmente orgulhoso de ter fotografado uma Alcatraz-de-patas-vermelhas que, pela primeira vez, foi vista pôr ovos no Ilhéu Raso. “Fui uma grande sorte captar este momento”, comemora. 

Quadro Alcatraz-de-patas-vermelhas

Sobre esta ave em particular, Isabel Fortes (Biosfera) explica que se trata de uma espécie que ainda não reproduz em Cabo Verde.  “Desde 2013 temos vindo a observar a Alcatraz de Pata Vermelha no Ilhéu Raso. Houve uma primeira tentativa de reprodução em Santiago, na Praia dos Infernos, sem sucesso. Este ano, houve uma segunda tentativa no Ilhéu Raso, que também não resultou. Em ambas as ocasiões os ovos não eclodiram”, esclareceu.

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Cabo Verde tem catalogado nove espécies reprodutoras, com excepção do Alcatraz de Pata Vermelha. Esta, prossegue Isabel Fortes, normalmente faz os seus ninhos nas copas das árvores. No Ilhéu Raso, tem aproveitado as poucas plantas rasteiras existentes para improvisar os ninhos. Independentemente do insucesso da reprodução, este fotógrafo mostra-se orgulhoso do registo. 

“Foi sorte. No video há ainda outra ave rara, que só é encontrada no Ilhéu Raso. É uma foto bonita”, sublinha Júlio, que diz ter começado a sentir este fascínio pelas aves há alguns anos. “Comecei a frequentar a zona da Praia d’ Bote para libertar do estresse. Um dia vi uma ave pousar num bote. Achei muito bonito e fiz uma foto. Depois partilhei a fotografia nas redes sociais e as pessoas gostaram.”

Desde então, sempre que a oportunidade surge, este fotografo faz registos de aves. Paralelamente, passou a gostar da aproximação e a apreciar os seus movimentos. “Ganhei um enorme gosto de estar com as aves. Hoje quando vejo uma pomba a voar e paro para admirar. É mesmo um fascínio.”

Júlio conta que começou a sentir o impulso para fotografia em 1998 de forma expontânea. E nunca fez nenhuma formação especifica. Na altura, trabalhava em um restaurante e um colega ofereceu-lhe a sua primeira maquina fotográfica, com um disquete. Mais tarde, ofereceu este equipamento ao amigo Jorge Costa, que ontem, na abertura da exposição, fez questão de o devolver. 

Comecei a fazer fotos sem nenhuma técnica. É um hobby. Mas as pessoas passaram a me convidar para fotografar eventos: baptizados, casamento e aniversários. Fui ganhando mais gosto pela fotografia. Fui incentivado por um colega a entrar em uma plataforma de fotógrafos. Apesar de pensar que não tinha qualidade, as minhas fotografias começaram a ganhar pontos, até um dia em que foi contactado com a informação de que quatro das suas fotos iriam ser exibidas em Barcelona. Fiquei maravilhado.”

A partir de então, disse, passou a investir mais em fotografias porque percebeu que tinha capacidade. E hoje já conta no seu currículo com 28 exposições fora, através da mesma plataforma, e têm fotos publicados em sete revistas internacionais. “Estou a seguir o momento e a aproveitar”, conclui. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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