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E agora, professor?

Ensinar é, certamente, a maior manifestação de amor que um ser humano poderá ter para com o seu semelhante.

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Por: Valódia Monteiro

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O professor (Magister) é alguém que se predispõe a doar aquilo que sabe (fruto do seu estudo e pesquisa) a outrem, e que, dentro dum sistema educativo, tendo em conta as suas qualificações, deverá receber um ordenado justo, devidamente enquadrado, e que seja reconhecido e respeitado por todas as esferas da sociedade.

Para que se entenda o alcance da nossa profissão não necessariamente teremos que sair do nosso espaço de ação (até porque ele não se restringe ao retângulo duma sala de aula), mas sim provocar a análise do impacto da “prenda” que entregamos aos nossos discípulos.

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Aquilo que emprestamos à sociedade, seguramente, não nos será devolvido. Seria impensável. Não precisamos, nem esperamos isso. Simplesmente, auguramos transformações positivas naqueles a quem depositamos e dedicamos o nosso esforço, a nossa abnegação, a nossa dedicação, a nossa esperança. A dignidade e a verdade que professamos espelham os nossos princípios.

A nobre profissão que exerço há quase 17 anos não me permite e nem espera que eu seja menos que aquilo que mereço. Independentemente do (de) mérito a que determinadas pessoas são votadas, nomeadamente em cargos de chefia, parece, por estes dias, ser normal escamotear o docente e turvar a sua missão, mas devemos estar atentos e avisados.

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Esta profissão, originalmente de reverência e, consequentemente, de referência, de forma alguma, deveria, neste momento, estar a ser ostracizada e vilipendiada contudo, infelizmente, há quem o venha fazendo, inescrupulosamente, pois, certamente, o lema será dividir para reinar.

No entanto, apontar a culpa ao outro é, possivelmente, o expediente mais seguro, fácil e viável quando, apesar de sermos, em termos formais e percentuais, a profissão com maior representatividade no país, somos, de longe, das menos unidas e ouvidas. Pode ser que, nas salas de aula, tenhamos, em demasia, propalada a esperança ou sejamos demasiadamente crédulos na benevolência dum benfeitor qualquer. (Não acredito nisto! Caramba!)

Nos últimos anos, ser professor tem-se configurado uma profissão extremamente desgastante, imprevisível e desmotivante (facilmente verificável com o exponencial número de docentes com pedidos de licença sem vencimento ou, também, a reforma antecipada… para não entrar em questões bem mais sensíveis). 

A nossa principal tarefa (instruir/ orientar) praticamente vem-se esvaindo dadas as novas atribuições (muitas delas administrativas) que nos têm sido imputadas, como também os vários momentos de examinação (termo defendido pela professora Elisabete Cosmo) em trabalhos práticos, de grupos, individuais, testes sumativos, observação individualizada que teremos que aplicar, e não de avaliação como, erradamente, se quer fazer pensar.

A isso poderíamos acrescentar o facto de a última (irrisória) atualização salarial dos professores ter acontecido em 2016, seguidamente, o custo de vida ter aumentado de forma bastante considerável, com o “conveniente” pretexto (para alguns) da Covid-19 e da Invasão da Rússia à Ucrânia, não impedindo que os mais próximos dos decisores quisessem e/ou fizessem os seus “devidos” reajustes salariais, devidamente e prontamente “justificados” (os mais recentes exemplos: BCV e DNRE) .

Caso não haja uma tomada de posição, paulatinamente, seremos reduzidos a “debitadores manietados”.

Talvez seja este o momento de relembrarmos que “A união faz a força” e “ Se quer ir depressa, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado.”

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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