O taxista Emiliano “Mian” Tavares vai assinalar os dois anos do falecimento da esposa Cátia Cristina, a ex-funcionária da CMSV vítima de um acidente de viação, com uma marcha silenciosa, acompanhado dos dois filhos menores do casal. O protesto acontece esta sexta-feira pelas 10 horas com partida da rotunda de Fonte d’Meio, onde a sua esposa caiu da caixa de uma viatura da edilidade no dia 28 de janeiro de 2021, vindo a morrer a 4 de fevereiro desse ano.
Mian e os filhos vão portar cartazes e caminhar para o Paços do Concelho e o Tribunal de S. Vicente, as duas instituições que, na sua ótica, têm falhado com os direitos da família de Cátia Cristina, em particular os das crianças. Para ele, dois anos sem uma única novidade do sistema judicial é tempo demasiado para um caso que, para ele, é fácil de ser resolvido. “O que aconteceu não foi uma morte sem autor material, foi um acidente de trabalho que aconteceu devido a negligência da Câmara de S. Vicente, que decidiu transportar funcionários na caixa de uma viatura inapropriada para levar passageiros e sem as mínimas medidas de segurança. Ponto final”, considera o taxista.
Este pai afirma que tem estado a enfrentar sérias dificuldades por causa da morte da esposa. Pior ainda, reforça, é o caso dos filhos. “O meu filho de 14 anos viu a sua adolencência interrompida bruscamente. Ele passou a ser obrigado, de repente, a assumir responsabilidades, como cuidar da limpeza da casa e da comida e perdeu o interesse pela escola. Ele reprovou e tem estado desmotivado. Tudo isso deixa-me preocupado e revoltado”, ilustra Mian Tavares, que trabalha das seis às 18 horas e não tem muito tempo durante o dia para estar com os filhos.
A demora na resolução do caso, diz, é tempo demasiado e a cada dia aumenta o impacto na vida da sua família. “Eu posso esperar o tempo que for preciso, mas os meus filhos nem por isso. Ficaram sem a mãe e só eles sabem o que isso representa nas suas vidas”, frisa o condutor, que volta a criticar o edil Augusto Neves. Lembra que o autarca lhe prometeu um emprego como condutor na CMSV, mas que fez depois marcha-atrás, alegando que só podia fazer isso mediante concurso público. “Entretanto soube que entraram novos condutores há menos de seis meses e sem concurso”, afirma Mian Tavares.
Inicialmente, este pai pretendia fazer uma greve de fome, mas mudou de ideia após conversar com uma amiga. Reconhece que uma medida tão drástica poderia prejudicar ainda mais a situação dos filhos. “Mas não descarto essa intenção se as coisas continuarem como estão”, salienta Tavares, que se mostra ainda preocupado com a sua situação junto ao banco. Diz que não tem conseguido cumprir o seu compromisso e tem receio de perder a casa, o único bem que lhe resta.