O atleta Iguer Castro confessou ao Mindelinsite que se sente desmotivado devido ao apoio insuficiente que recebeu da Federação Cabo-verdiana de Halterofilismo para representar Cabo Verde no campeonato mundial de bodybuilding e fitness, realizado em Espanha de 3 a 8 de novembro. Segundo o campeão da Taça de Cabo Verde de fisiculturismo, o valor financeiro que ele e o colega Lino Rodrigues receberam não chegou para assegurar as despesas típicas de uma prova dessa envergadura, quando estavam lá em representação do país, e não em nome individual.
“A federação assegurou a deslocação e inscrição na prova – que inclui alimentação e estadia -, mas o montante para a inscrição nessa ficou aquém e tivemos que meter nosso dinheiro. A inscrição ultrapassou os cem contos. Se não nos deram dinheiro suficiente para a inscrição, imagine para custos do transfer do aeroporto para o hotel ou para pagar um ginásio para treinos”, salienta o jovem.
Antes da sua partida para Espanha, Iguer Castro assumiu outros encargos durante a sua estadia na cidade da Praia, quando esperava contar com o apoio financeiro da FECAH. Este adianta que chegou a ficar oito dias em casa de um amigo para poder preparar a sua refeição, tendo arcado com essas despesas. Quando, adianta, deveria ser a federação a assumir os custos da deslocação e estadia na Capital.
Outra situação que ele critica tem a ver com a sua viagem da cidade da Praia para Mindelo, urbe onde reside. Contactada a federação, diz, foi informado que não havia dinheiro para custear uma passagem aérea e que regressaria de barco. “Só que a viagem foi cancelada nesse dia devido ao mau tempo. Após pensar no desconforto que seria passar quase um dia no mar, dei o meu próprio expediente e vim de avião para S. Vicente”, acrescenta o atleta.
Iguer Castro afirma que ficou com uma sensação agridoce com tudo aquilo que se passou. Admite que foi uma experiência marcante e positiva para ele ter participado pela primeira vez no mundial de fisiculturismo, mas, por outro lado, confessa que estava à espera de mais empenho da federação, visto que ele foi representar Cabo Verde. “A minha prestação em Espanha ficou aquém do esperado porque senti gases momentos antes da prova. Acabei por ficar na sétima posição num lote de nove concorrentes, enquanto em Portugal fiquei em segundo lugar. E posso dizer que usei a experiência que adquiri em Espanha, visto que consegui evitar que o problema de gases repetisse em Portugal”, relata Castro.
Este atleta acrescenta que esteve na eminência de ficar sem competir em Portugal porque o seu visto caducou-se na véspera da prova. Deste modo, ele teve que recorrer à federação de halterofilismo para resolver esse problema. “Pedi à federação para contactar a embaixada de Portugal para prolongarem a minha estadia, mas fiquei com a sensação que não fizeram isso de coração, como se costuma dizer.”
Questionado se a sua relação com a Federação de Halterofilismo ficou crispada e se isso pode afectar a sua participação noutras provas como representante nacional, Castro afirma que, da sua parte, continua a ter um relacionamento normal com essa instituição desportiva, apesar de ter ficado desapontado. Quanto a competições, deixou claro que neste momento não se sente nem um pouco motivado.
Porém, Iguer Castro deixa claro que o objectivo de se tornar profissional continua intacto e espera alcançar isso em 2022. Para o efeito conta trabalhar para participar nas provas internacionais sem estar a depender-se financeiramente da federação ou do Instituto do Desporto e da Juventude. “Estarei sempre disponível para representar Cabo Verde, se a nossa federação quiser. Se não quiserem, posso sempre inscrever-me na federação de outro país”, adverte o atleta. Entretanto, Castro mostra-se também desapontado com a Câmara de S. Vicente, que, diz, negou conceder-lhe uma ajuda para o transporte, alimentação, estadia e inscrição no torneio realizado em Portugal.
O Mindelinsite espera ouvir a versão da FECAH, pelo que promete entrar em contacto com a federação para o efeito.