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AJOC reage com espanto ao comunicado do MpD contra o jornalista Carlos Santos e defende a liberdade de imprensa

A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde reagiu hoje com espanto ao comunicado do MpD contra o jornalista radiofónico Carlos Santos e defendeu de forma intransigente o respeito pela liberdade de imprensa, assim como a autonomia editorial dos órgãos de comunicação social cabo-verdianos. A posição da AJOC surge na sequência de uma reclamação assinada pelo Secretário-Geral do partido no poder, em que Agostinho Lopes acusa esse profissional de usar a Rádio de Cabo Verde para atacar o Governo e o seu partido.

Em comunicado, a AJOC reafirma o compromisso com a defesa intransigente da liberdade de imprensa e da autonomia editorial, indicando que estes são princípios essenciais para o fortalecimento da democracia no país. Entretanto, face a esta situação que considera estranha, esclarece que o exercício do jornalismo, seja nos órgãos públicos ou privados, exige a pluralidade de opiniões, a isenção e o espaço para o exercício do contraditório. 

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Relativamente ao programa “Café Central”, visado pelo Secretário-Geral do MpD, explica que, pela sua natureza, tem promovido ao longo dos tempos debates e reflexões em torno de temas de interesse público, sendo os convidados pessoas com diferentes visões. Por isso acredita que criticar a escolha dos convidados ou o tom dos debates, sem no mínimo apresentar evidências concretas de parcialidade, demonstra uma incompreensão da prática jornalística e do princípio do contraditório. 

“A missiva do MpD apresenta afirmações que põem em causa a integridade profissional de Carlos Santos, aliás um jornalista com provas dadas, fazendo uso de termos como ‘falta de rigor’ e ‘sínteses enviesadas’, acusações que a AJOC considera graves, especialmente quando feitas sem se apresentar provas objetivas”, indica a organização, salientando que Cabo Verde é conhecido pelo bom funcionamento das instituições. No campo da Comunicação Social, o sindicato diz que qualquer preocupação legítima com a conduta jornalística deve ser encaminhada às instâncias apropriadas, como a Autoridade Reguladora da Comunicação Social (ARC), para avaliação imparcial e fundamentada. 

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No entanto, no episódio em concreto, afirma ter firme convicção de que o assunto não tem pernas para andar. “É preocupante que, numa semana em que se está a falar de liberdade e democracia, um partido político, que se gaba de dar liberdade ao povo cabo-verdiano, recorra a acusações públicas dessa natureza contra um jornalista, promovendo ataques contra a sua pessoa nas redes sociais, muitos deles vindo covardemente de perfis falsos”, pontua o presidente da AJOC, defendendo que este exercício estranho do MpD pode ser interpretado como uma tentativa de intimidação e de condicionamento da liberdade de imprensa. 

A AJOC realça que a imprensa cabo-verdiana, que é também uma conquista democrática do 13 de Janeiro, não pode ser colocada em xeque por críticas infundadas ou motivadas politicamente. E reafirma que não vai tolerar retrocessos nesta matéria, quando todos estão cientes das perseguições sofridas pela comunicação no passado bem recente. “A liberdade de imprensa e a independência editorial são conquistas que precisam ser valorizadas e defendidas a todo o custo”, reforça a AJOC, deixando claro que não vai baixar os braços quando for este o propósito. Termina o comunicado manifestando total apoio ao jornalista Carlos Santos e avisa que vai estar atento a qualquer tentativa de censura ou coação contra profissionais da comunicação social e pronta para agir lá onde for preciso. 

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De referir que o MpD já formalizou uma queixa junto a Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC) contra o jornalista Carlos Santos, acusando-o de falta de imparcialidade no programa “Café Central”. O partido alega que o apresentador utiliza este espaço radiofónico para atacar o Governo e o MpD, demonstrando falta de isenção na condução do mesmo.

A denúncia foi apresentada, segundo o MpD, “com total sentido de responsabilidade”, sublinhando que a liberdade de imprensa deve ser acompanhada de rigor e imparcialidade no serviço público de comunicação. Na queixa, o partido acusa o jornalista Carlos Santos de “um tratamento discriminatório negativo contra o MpD e o chefe do Governo”, Ulisses Correia e Silva, alegando que este comportamento afecta a isenção da informação, perturba a transmissão das ideias do MpD e potencia uma melhor predisposição para com os outros partidos. Prossegue ainda dizendo que “outras ideias foram livremente expostas e não sujeitas ao crivo crítico imediato dos seus opositores.”

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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