O nível de desenvolvimento da Inteligência Artificial está a provocar calafrios em governos de vários países e cientistas pelos riscos que comporta. Desde que programas como ChatGPT, Dall-E2 e Midjourney foram popularizados aumentaram relatos de partilha de fake news, de roubo de autoria e até de crimes virtuais cometidos com o auxílio da tecnologia.
Um exemplo paradigmático da capacidade dessa tecnologia foi o caso do Papa Francisco vestido de jaqueta puffer – muito associado a rappers – e que confundiram os internautas, que pensaram que o pontífice havia contratado um estilista, tal foi a perfeição das imagens. Outra situação que se viralizou foi a falsa detenção de Donald Trump, ex-Presidente dos Estados Unidos, e que confundiu muita gente. Estes casos reforçaram o alerta, já antes lançado por Elon Musk, pois mostram o quanto as imagens geradas por plataformas como Dall.e e Midjourney podem sair do controle.
Os maiores riscos associados até ao momento à IA são a desinformação, vazamento de dados, auxílio em golpes de phishing – roubo de senhas e números de cartões de crédito – e disseminação de vírus informáticos.
O perigo é tão real e gigantesco que Geoffrey Hinton, considerado o “padrinho da IA”, abandonou o seu emprego no Google para falar dos riscos associados a essa tecnologia. O especialista disse ao jornal The New York Times que os avanços feitos no campo representam riscos profundos par a sociedade e a humanidade. Segundo o cientista, a competição entre gigantes do sector está levando empresas a lançar novas tecnologias de inteligência artificial a uma velocidade alucinante, arriscando empregos e espalhando desinformação. “É difícil saber como evitar que os maus actores usem isso para cometerem coisas ruins”, disse ao jornal. Hinton acrescentou que, embora a IA tenha sido usada para apoiar trabalhadores humanos, a rápida expansão de chatbots como o ChatGPT pode colocar empregos em risco. Mas, segundo o especialista, a tecnologia pode ser ainda mais perigosa.
As críticas ao uso da IA não são propriamente novas. Em março, um grupo de especialistas e responsáveis pela indústria tecnológica – incluindo Elon Musk, financiador inicial da Open AI (criadora do ChatGPT) – e Steve Wozniak (co-fundador da Apple) – pediu um travão de seis meses no desenvolvimento da tecnologia. Por seu lado, Noam Chomsky – considerado um dos maiores intelectuais da actualidade – afirmou que os novos sistemas são uma “ferramenta fantástica” para a propagação de fake news e acha que serão cada vez mais usados para essa finalidade. “A ideia de que podemos aprender alguma coisa com este tipo de tecnologia é um erro”, acrescentou.
C/Rfi, Globo e Público