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Trabalhadores da SEFI entregam pré-aviso de greve para 11 e 12 de janeiro

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Trabalhadores da SEFI entregaram ontem de manhã na Direção-Geral do Trabalho e na empresa de frio industrial um pré-aviso de greve para os dias 11 e 12 de janeiro. A ameaça de paralisação – que surpreendeu a administração – está relacionada com atrasos no processo de promoção dos funcionários e no valor de ajuda de custo praticado pela empresa nos trabalhos executados fora de S. Vicente. A DGT já agendou para sexta-feira um encontro de conciliação.

Segundo Heidy Ganeto, responsável do sindicato SIACSA na cidade do Mindelo, as promoções estão congeladas há mais de 4 anos e, por outro lado, o valor atribuído pela empresa como ajuda de custo é insuficiente, na perspectiva dos trabalhadores. “A proposta é que a ajuda de custo passe a ser de 3.500 escudos dia e que a empresa continue a assumir a despesa de alojamento”, informa o sindicalista.

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Estes pontos já foram debatidos com a direção da empresa, mas, segundo Ganeto, esta nunca apresentou uma proposta, pelo que os trabalhadores decidiram partir para a greve. A medida envolve apenas o pessoal afecto à oficina e guardas, isto é, cerca de 40 trabalhadores, nas contas do dirigente sindical.  

Heidy Ganeto adianta que esta é a segunda vez que os trabalhadores entregam um pré-aviso de greve. A primeira aconteceu no ano passado, mas a greve foi suspensa porque a empresa estava a participar num concurso importante para a sua estabilidade financeira, que acabou por vencer. Mesmo assim, diz o sindicalista, as reivindicações não foram resolvidas.

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Os trabalhadores não querem paralisar os trabalhos, nas palavras de Heidy Ganeto. O pretendido é que as suas reivindicações sejam atendidas. O responsável do SIACSA diz que a empresa tem mostrado abertura para o diálogo, mas o problema é que nunca apresenta uma proposta ou assume compromissos.

Gestão da SEFI apanhada de surpresa

A notícia do pré-aviso de greve apanhou a direção da Sefi de surpresa e foi dada pela reportagem do Mindelinsite. Após um tempo para apurar a informação, o administrador Osvaldo Monteiro referiu que a nota do Siacsa faz, na verdade, referência a dois pontos reivindicativos: o valor da ajuda de custo e as promoções, que devem acontecer com um período nunca inferior a quatro anos. Adianta, no entanto, que esses pontos já tinham sido suscitados pelo sindicato num pré-aviso de greve comunicado em maio de 2021. Nesta altura, segundo Monteiro, foi realizado um encontro de conciliação na Direção-Geral do Trabalho e rubricaram um acordo que contemplou a questão da ajuda de custo. Explica que, a pedido do sindicato, a Sefi passou a assumir os encargos com o alojamento nas ilhas e a disponibilizar mais dois terços da tabela de ajuda de custo. Aliás, salienta que a empresa costuma pagar mais do que o valor atribuido pelo próprio Estado.

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Quanto às promoções, explica que esta medida deveria ser avaliada em julho de 2022, visto que, por norma, é aplicada na empresa num prazo nunca inferior a quatro anos, tendo feito isso em 2018. Porém, segundo Monteiro, em 2018 começou uma recessão que afectou consideravelmente as receitas da Sefi. Dois anos depois, prossegue, despoletou a pandemia da Covid-19 e pela primeira vez a empresa teve resultados negativos.

Em 2021, acrescenta, a situação não esteve tanto assim melhor, mas os resultados subiram, embora tenham sido inferiores aos prejuízos registados em 2020. “Estávamos a viver momentos ainda difíceis porque alguns clientes suspenderam contratos e não os retomaram. Descemos a facturação e tínhamos em mõas um processo negocial com uma empresa que representa 1/3 da facturação da Sefi e, caso não conseguíssemos manter o contrato, teríamos mesmo que reduzir o pessoal“, revela o gestor.

Questionado se a Sefi está na disposição de aceitar as reivindicações dos trabalhadores e evitar a greve, Osvaldo Monteiro diz que espera a reunião desta sexta-feira convocada pela Direção-Geral do Trabalho para entender melhor as exigências do sindicato. É que, salienta, a empresa vem respeitando o acordo sobre as ajudas de custo, tem pago os salários e a previdência social e ainda não está em condições de saber se tem cabimento para as promoções. Este processo, diz, vai demorar o seu tempo porque houve um problema informático que afectou o acesso aos dados financeiros da empresa. Entretanto, Monteiro diz que a Sefi tem neste momento menos de 40 trabalhadores pelo que não entende como o Siacsa estima que a greve possa envolver esse número de funcionários.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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