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Trabalhadora remota polaca elogia e promove Mindelo nas comunidades nómadas digitais pelo mundo 

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Anna Maria kochanska, conhecida trabalhadora remota polaca, tem estado a elogiar e a promover São Vicente nas comunidades nómadas digitais pelo mundo, partilhando fotografias e videos da sua estada no Mindelo, entre Janeiro e Março deste ano. Esta digital nómada garante que vai regressar, tendo em conta as muitas vantagens que o país oferece enquanto destino para estas comunidades, em termos de custo de vida, localização, clima e acolhimento. Pede no entanto às autoridades para investirem na divulgação por forma a transformar S. Vicente num destino de eleição dos nómadas digitais. 

Ao Mindelinsite, Anna Kochanska explica que é nómada digital há quatro anos. Faz trabalho remoto e, por isso, viaja muito. E, como embaixadora dos nómadas digitais, aproveita para promover os destinos em comunidades onde vai para fazer este tipo de trabalho. “A minha área é Tecnologia Informática e, normalmente, os meus clientes são as grandes farmacêuticas. Morei dois anos em Lisboa, onde, através do amigo Gonçalo Hall, tive informações sobre o coworking em S. Vicente. Estive três meses em C.Verde e, para além do Mindelo, visitei Santo Antão e Santa Luzia.”

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Encontro com universitários

Foi uma experiência muito positiva, que esta polaca diz pretender repetir em breve. É que, afirma, integrou um grupo de pessoas que decidiu aproveitar o inverno da Europa para trabalhar a partir de São Vicente e também desenvolver actividades com as pessoas da ilha. “Fui convidada por universidades e empresas para falar do nomadismo e explicar o que é o trabalho remoto. Foi uma forma de permitir também que as pessoas daqui pudessem interagir com os nómadas, tendo em conta que o trabalho remoto ainda é algo novo em Cabo Verde. Gostei muito da experiência.”

Interagir com as pessoas

Anna Kochanska mostra-se particularmente feliz com a interacção que teve com os mindelenses. Aliás, deixa claro que se sentiu totalmente integrada. “Pelo que pude perceber, os nómadas digitais são acolhidos em São Vicente. As pessoas são simpáticas e muito acolhedoras. Por outro lado, a ilha tem uma vivência cultural interessante. Tem música ao vivo, por exemplo. Então acho que é um lugar cativante. E esta é a percepção dos outros nómadas que estiveram comigo, inclusive muitos deles decidiram estender a sua estadia aqui por mais dos três meses previstos.”

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Futebol entre estrangeiros e mindelenses

Questionada se é fácil trabalhar a partir de S. Vicente para o mundo, Kochanska admite que a partir do coworking é tranquilo porque a internet é forte e segura. Já o mesmo não acontece quando pretendem trabalhar a partir dos apartamentos arrendados ou das residenciais porque as conexões não são muito boas. “Penso que isto acontece porque as pessoas que alugam os apartamentos ainda não perceberam a relevância do trabalho remoto. Antes alugavam os seus espaços apenas para turistas em férias, agora há um outro público, os ‘digital nomads’, que exigem uma boa internet.”

Ainda assim, apesar deste constrangimento, Anna Kochanska acredita que o baixo custo de vida comparativamente com outros destinos, que apelidam de ‘arbitrage’, acaba por compensar. Entende esta entrevistada do Mindelinsite que os nómadas acabam por se sentir atraídos porque têm um bom nível de vida em São Vicente, que é uma ilha interessante e muito bonita. “Os nómadas podem ter aqui uma experiência cultural muito rica. E é isso que procuram. No meu caso, desenrasco-me no português e, por isso, senti-me muito integrada. Mas sei que alguns colegas se sentem limitados porque não falam português, o que dificulta a comunicação.”

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Para quebrar a barreira linguística, esta embaixadora dos nómadas digitais decidiu, durante a sua estada no Mindelo, organizar alguns eventos para ajudar a conectar as pessoas. Cita, por exemplo, alguns jam session, jogos de futebol entre estrangeiros e locais, karaokê, barbecue, aulas de dança, de entre outros. Muitos dos videos destas atividades foram posteriormente partilhados no seu perfil. “Decidi partilhar porque foi uma experiência cultural muito rica. Aprendemos uns com os outros. É isso que faço sempre que encontro um bom destino. Viajo sozinha, vejo como é e, se acreditar, partilho com as minhas comunidades”, declara, exemplificando com a experiência recente como embaixadora na Croácia, um destino que também quer atrair nómadas. 

Convívio com locais

Vi que o destino é interessante e falei com algumas pessoas que organizam eventos e, agora em maio, organizamos uma conferência que juntou mais de 300 nómadas digitais na Croácia porque todos eles também acreditaram nesse destino. Penso que Mindelo também tem potencial porque tem muitos pontos fortes que diferem da Europa, caso por exemplo do clima, do fuso horário que é o mesmo e do baixo custo de vida. Mas a nível da infraestrutura ainda precisa melhorar um pouco”, afirma. 

Baixo custo de vida

De acordo com esta trabalhadora remota, muitos europeus procuraram as Canárias onde o custo de vida é muito elevado, simplesmente porque desconhecem Cabo Verde. Contudo, graças as promoções e divulgações que alguns nómadas digitais que visitaram o país têm vindo a fazer, acredita que o país deverá receber mais pessoas no próximo inverno. “Este ano, em plena pandemia, vieram alguns pessoas e gostaram. E não houve Carnaval, que é algo muito interessante. Acredito que no inverno S. Vicente vai receber mais pessoas. O destino vai ficar bem conhecido, mas é preciso fazer mais marketing porque ainda há muita gente que nunca ouvir falar do país.” 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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