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Sismo na Brava atingiu magnitude 4.8, o mais forte registado em CV nos últimos 15 anos, segundo geofísico Bruno Faria

O número de eventos e a magnitude estão a decair, pelo que, segundo o geofísico, não há motivo para pânico.

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A sequência de abalos sentidos ontem à noite na ilha Brava teve o seu pico com um sismo de magnitude 4.8 na escala de Richter, o mais potente registado em Cabo Verde nos últimos 15 anos, pelos cálculos do geofísico Bruno Faria. Este sismo, que ocorreu por volta das 21 horas, foi seguido por outros mais fracos, mas, segundo o responsável do centro de meteorologia em S. Vicente, o quadro apontava esta tarde para uma acalmia. Adverte, no entanto, que é preciso aguardar mais tempo para se poder tirar as devidas conclusões sobre essa actividade, que foi registada por todas as estações sismológicas instaladas no arquipélago e sentida com alguma intensidade em S. Filipe, na ilha vizinha do Fogo. O certo, segundo esse especialista, é que não há neste momento motivo para pânico.

“Ontem por volta das 18.20h iniciou-se uma crise sísmica na ilha Brava com uma taxa sísmica – ou seja um número de eventos por unidade de tempo – muito elevada e também com eventos sísmicos de magnitude relativamente alta. O evento culminou por volta das 21 horas com um sismo, seguramente o mais forte registado em Cabo Verde nos últimos 15 anos, de magnitude 4.8 na escala de Richter”, informou Bruno Faria hoje à tarde numa conferência de imprensa para fazer o ponto de situação desse acontecimento. Segundo essa fonte, após esse pico, a taxa sísmica intensificou-se, assim como o número de eventos com magnitude elevada. Foram tantos que, sublinha esse especialista, perderam a conta da quantidade dos abalos, que se tornaram contínuos. Ilustra que a cada 10 segundos ocorria um tremor, quando um sismo costuma durar, em média, 10 segundos, dependendo da sua magnitude. “Quando se fala de sismos com intervalos de dez segundos, estamos a falar de uma actividade contínua.”

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A crise sísmica, acrescenta, manteve-se durante a madrugada até grande parte do dia de hoje. Entretanto, a magnitude e a taxa têm estado a diminuir.

A maior parte do fenômeno sísmico aconteceu na zona de Praia d´Aguada, com epicentro no mar, a uma profundidade de quase 4,5 quilómetros. Logo, os epicentros estão bastante profundos, o que, para Faria, é uma boa notícia, apesar dos estragos causados pelos abalos nalgumas moradias na Brava. Pois há relatos de telhados que se desabaram e fissuras nas paredes das casas.

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A actividade sísmica, afirma o geofísico, é claramente proveniente de processos vulcânicos no fundo do mar. O que ainda não está claro, diz, é estabelecer qual a hipótese que melhor explica esses eventos. “Podemos ter várias causas, todas elas associadas a processos vulcânicos: pode ser uma simples deformação lenta que está a partir as rochas e a provocar algum desequilíbrio; podem ser os gases a fuir no interior das rochas – isto é a fricção entre rochas; pode ser também a pressão dos gases a afastar as rochas e a facilitar o movimento entre elas…”, elenca.

Bruno Faria enfatiza que só uma análise aprofundada pode ajudar a definir a hipótese mais verosímil, mas ainda, diz, é muito cedo para se efectuar esse estudo. Como diz, é preciso esperar pela evolução natural dos acontecimentos.

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Um dado curioso avançado pelo geofísico indica que a ilha Brava está a ser inclinada. A parte leste está a subir e a oeste a descer. “Deve haver algures a leste da ilha a acumulação de magma no mar”, frisa Faria, lembrando que a 21 de janeiro deste ano ocorreu uma derrocada em Fajã d´Água e, quatro meses depois, a 25 e maio, foi registado um sismo na ilha Brava de magnitude 4.3, o que é muito forte.

Bruno Faria apela a calma das pessoas e prudência na divulgação de dados. Afirma que neste momento não há motivo para pânico. Assegura que foi estabelecida uma rede de comunicação envolvendo o INMG, o Ministério do Ambiente, as Forças Armadas, a Proteção Civil e os presidentes das Câmaras da Brava e de Santa Catarina do Fogo e que está a funcionar em pleno. Estas autoridades, segundo Faria, vão manter a linha de comunicação activa e acompanhar os acontecimentos. Por enquanto, os sinais apontam para a diminuição dos eventos sísmicos.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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