O emigrante Daniel Lima continua a clamar por justiça pela morte do filho Tiago Lima em julho de 2018 por afogamento num tanque da Estação de Tratamento de Águas Residuais gerida pela Câmara de S. Vicente. Apesar de o Ministério Público ter arquivado, em julho de 2021, a queixa que intentou contra a autarquia mindelense, por alegada responsabilidade no fatídico acontecimento, esse pai afirma que, para ele, a luta ainda não acabou.
“Foi duro saber que o Ministério Público arquivou o caso e sem ouvir os familiares da vítima. Para mim, isto é uma enorme falta de respeito. Sinto-me triste e revoltado”, confessa o emigrante, que continua a depositar a sua esperança no empenho do seu advogado.
Segundo o jurista Alcides Graça, assim que soube do arquivamento solicitou o agendamento de uma Audiência Contraditória Preliminar para que um juiz analisasse os argumentos do Ministério Público, mas até hoje não obteve nenhuma resposta. Enquanto aguarda pela marcação da ACP, o advogado deu entrada a um pedido cível visando conseguir uma compensação financeira para os familiares da criança. “Para mim há uma responsabilidade criminal por parte da instituição Câmara Municipal porque deveria ter vedado a estação pelo risco que os tanques representam para pessoas e animais. Mas sabemos como a justiça reage quando a política entra na equação”, comenta o advogado, salientando que nenhum processo contra a CMSV tem estado a andar nos tribunais.
Daniel Lima afirma que a família continua destroçada com a morte do menino. Tiago Lima tinha 6 anos, acabara de terminar o jardim infantil e estava prestes a entrar na escola. Porém, de regresso a casa acompanhado da avó, após um banho na praia do Lazareto, acabou por cair num dos depósitos da ETAR e afogar. Tudo aconteceu quando foi tentar salvar o seu cãozinho, que momentos antes tinha caído no mesmo tanque. A cena foi presenciada pela avó, que nada pôde fazer para salvar o neto. O corpo do garoto só foi resgatado horas depois devido as dificuldades enfrentadas pelos bombeiros municipais nessa operação.
Para Daniel Lima houve negligência da parte da CMSV. Este pai contradiz a edilidade quando garante que o espaço tinha segurança assegurada por guardas municipais. Revela que, depois do acidente, chegou a entrar na estação com a sua moto, percorreu toda a área, fez fotografias e não viu nenhum guarda.
“Quero que responsabilizem a CMSV pelo ocorrido. E é também lamentável como nunca recebemos sequer uma mensagem de condolência da parte da Câmara de S. Vicente”, critica Daniel Lima, deixando evidente que a sua luta é também para evitar que outros inocentes percam a vida nos tanques da estação de tratamento de águas residuais.