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OMCV pretende produzir pensos higiénicos reutilizáveis para doar a jovens estudantes

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A artesã volunturista Joana Teixeira está a ministrar um workshop na OMCV sobre confecção de pensos higiénicos reutilizáveis, tendo aproveitado a ocasião para apresentar o Boletim Menstrual como guia para ajudar as adolescentes a se conhecerem desde a primeira menstruação. A ideia da instituição é produzir em massa esses pensos para serem oferecidos a estudantes de famílias carenciadas.

“Há muitas que faltam aulas quando estão com o período menstrual porque não possuem meios para comprar pensos todos os meses. Às vezes vão para as aulas e são motivos de chacota dos colegas e depois a vergonha faz com que fiquem em casa e abandonem a escola”, lamenta a delegada da OMCV em S. Vicente, que também foi professora. Uma questão “humana” que, para Fátima Balbina, deveria merecer a devida atenção da parte de instituições mundiais e locais. Por isso, diz, a OMCV pretende dar este pontapé de saída.

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“Queremos concorrer a um projeto que seja duradouro e aproveitamos estes dois dias que a Joana nos disponibilizou para dar início à produção. As costureiras já estão a produzir, mas queremos que seja um projeto com mais sustentabilidade onde haja tecidos, materiais e meios financeiros para pagar as pessoas que vão confecionar estes pensos”, expõe Fátima Balbina, que apela a empresas, pessoas e instituições para se juntarem a esse desafio.

“A OMCV lança um apelo para outros projetos semelhantes em São Vicente e nas outras ilhas. Quem sabe mais tarde possamos fazer novos projetos com a ajuda da Joana e de outras pessoas com conhecimento nesta matéria.” Esta fonte acrescenta que a OMCV, que tem representação em 16 concelhos, pode ser uma mais-valia na execução desta ideia ambiciosa e com fins solidários. De acordo com Fátima Balbina, a produção de pensos reutilizáveis já está a ser implementada em Cabo Verde inclusive por outra jovem que teve o apoio da OMCV no início do seu projecto.

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A portuguesa Joana Teixeira, que chegou a esta ONG através do projeto Volunturismo-São Vicente, diz que em Portugal a nova geração tem aderido mais ao reutilizável por questões ecológicas e pelo empoderamento feminino. “Quem adere mais facilmente são os mais jovens e não as mulheres adultas. Ao ter contacto com o sangue, elas conectam-se cada vez mais com elas próprias e com os seus ciclos menstruais”, enfatiza esta jovem. Para ela, esta iniciativa pode ajudar as meninas que não têm acesso aos pensos sejam eles descartáveis ou laváveis. Acredita que seria um alívio para elas e suas famílias.

Segundo Teixeira, a sua experiência e contacto com pensos reutilizáveis começou na pandemia e foi uma prática que conseguiu transferir à filha. “Quando a minha filha menstruou aos dez anos foi quando comecei a fazer os pensos reutilizáveis. Comecei a fazer para ela e em seguida também para vender. Em Portugal já há muita gente a fazer e há marcas estrangeiras também, mas custa caro cada penso”, diz a jovem, que na sua semana de férias decidiu passar o seu conhecimento através desta ONG ligada às mulheres e às famílias.

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Uma das jovens que aproveitou a formação foi Suelia Azevedo, que diz fazer costura por hobby, mas que, por estar neste momento em casa, esta poderá ser uma saída de negócio. “Estou neste momento a fazer na OMCV a formação de costura criativa, soube deste workshop com a Joana e resolvi participar. Penso que estes pensos poderão ajudar também mulheres como eu que tem alergia ao descartável e assim ajudar a cuidar da nossa zona intima“, expõe esta costureira.

Além de ensinar a fazer os pensos, a artesã Joana Teixeira, dona da marca “Miss Ju Handmade”, ainda ensina na OMCV a confecionar discos desmaquilhantes reutilizáveis.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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