A cidade do Mindelo esteve praticamente às moscas à meia noite de ontem na despedida de 2020, o ano da Covid, e entrada de 2021, o ano das esperanças renovadas. A contrastar com o movimento que normalmente toma conta da Avenida Marginal, a presença de apenas um punhado de pessoas, que fizeram questão de ir cumprir a tradição.
Foi o caso de três irmãos que todos os anos dão o “último mergulho” na chamada praia d’catxorre para “lavar a alma dos pecados” e entrar mais “leve” no novo ciclo. “Dou sempre um salto no mar onde estiver. O meu banho do dia 1 é sagrado”, assegura Gil Fortes. Segundo este jovem, a passagem de ano foi “diferente” por causa da pandemia, mas sente-se feliz por ter conseguido cumprir a tradição.
Este é também o sentimento do irmão Aquilino Fortes, que pensou inicialmente que seriam impedidos de cair ao mar pela Polícia. Um receio que não se concretizou e o deixou mais satisfeito. “Foi um banho rápido, mas suficiente para deixar-me feliz”, garante Aquilino, que aproveitou o momento para enviar um abraço gigantesco a todos os amigos e cabo-verdianos espalhados pelo mundo.
As amigas Fany Santos e Marbele Sofia também decidiram “descer” para a cidade para receber de braços abertos a chegada do novo ano. “O clima está um pouco triste por causa da pandemia, praticamente não se vê gente na rua e entendo isto. Temos de fazer a nossa parte, ajudar no combate à pandemia porque a saúde é mais importante que tudo”, realça Marbele, que augura um 2021 menos turbulento para a humanidade.
Este ano faltou o fogo-de-artifício na Avenida Marginal, mas houve quem atirou foguetes de sinalização do terraço das suas casas. Os barcos na Baía do Porto Grande estiveram também silenciosos, mas alguns condutores ligaram as buzinas dos seus carros à meia noite e percorreram o centro da cidade. Todo o movimento foi acompanhado pela patrulha da Polícia Nacional, que se posicionou nos pontos nevrálgicos da cidade.