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Filha luta pela evacuação urgente da mãe diagnosticada com tumor cerebral há um ano

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A jovem Gisele dos Santos está preocupada com a demora na evacuação da mãe para tratamento de um tumor cerebral diagnosticado no dia 31 de julho de 2020, mas ainda sem dia previsto para viajar para Portugal. Revela essa fonte que a 14 de agosto desse ano foi feita Junta Médica para evacuação urgente de Senhorinha dos Santos, 44 anos, porém o tempo vai passando, o tumor aumentando de tamanho, assim como a angústia de ver a mãe a sofrer com fortes dores de cabeça, náusea, vómito e dor intestinal.

“A minha mãe saiu do hospital no dia 31 de agosto de 2020 e o seu médico deu-lhe um papel para ir fazer controlo uma vez por semana. Sempre que a levava, ele via-a fisicamente e perguntava se precisava de mais medicamento e receitava”, começa por explicar essa jovem. 

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Entretanto, prossegue Gisele dos Santos, as consultas médicas começaram a falhar, pois passou a ser praticamente impossível ter a sorte de encontrar o clínico disponível. “Levamos a minha mãe para várias consultas, mas o médico nunca estava presente. Tentamos por diversas formas entrar em contacto com ele, chegamos a telefonar para o serviço de Medicina, mas diziam que ele não estava no hospital ou que se encontrava indisponível”, relata a filha da paciente, que, conta, chegou a enviar uma mensagem ao médico pelo aplicativo Whatsapp, foi vista, mas não houve resposta.

Preocupada com a saúde da mãe, a jovem começou a ver outras formas de apressar a evacuação. Contactou o Instituto Nacional de Previdência Social, mas foi informada que o processo dependia do relatório do médico assistente. Disposta a encontrar alternativa para a situação, Gisele dos Santos abordou um outro médico. Este segundo clínico pediu um novo TAC (Tomografia Computorizada) e agendou uma consulta com um oncologista. “O TAC mostrou que o tumor duplicou de tamanho em poucos meses – passou dos 7 para os 14 milímetros e estava a pressionar o cérebro, provocando as dores insuportáveis à minha mãe”, relata a jovem.

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Perante esse quadro, o clínico entendeu que a paciente teria que ser evacuada com a máxima urgência. Entretanto, tentou uma consulta por telemedicina com um neurocirurgião na cidade da Praia, em janeiro deste ano. A reunião foi no entanto cancelada nesse dia porque o neurocirurgião tinha quatro cirurgias marcadas nessa data. A consulta viria a acontecer no dia 21 de março. No dia seguinte foi feito uma nova ressonância magnética à paciente. “Entretanto ficamos a aguardar o relatório do neurocirurgião para anexarmos à ressonância e agilizarmos a evacuação. Continuamos até hoje a esperar por esse documento”, diz a jovem, que se mostra apreensiva com essa demora.

O certo, diz, é que conseguiram algum avanço graças a intervenção do segundo médico, que agendou a primeira consulta com um oncologista, o que, acrescenta Gisele dos Santos, deveria ter acontecido desde os primeiros instantes. “Voltamos a ter contacto com o primeiro médico, houve um clima meio tenso porque ele disse que nos chamou e não comparecemos e do nosso lado negamos isso e deixamos claro que sempre tentamos entrar em contacto com ele. No hospital diziam que ele não estava presente”, explica.

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Segundo a moça, pela primeira vez o médico-assistente decidiu marcar uma consulta de oncologia para a mãe para 30 de junho de 2021, ou seja, 11 meses depois de diagnosticarem o tumor. Além disso, pediu algumas análises e uma ecografia porque Senhorinha dos Santos estava com dores intestinais e outros sintomas. 

Nos últimos dias, diz a jovem, a mãe tem dado sinais de melhora, mas anteontem foi levada para o banco de urgência com dores de cabeça e vómito. Como normalmente acontece, enfatiza, deram-lhe medicação para as dores e a enviaram para casa. Só que os sintomas continuaram e tiveram de a levar de novo para o hospital. 

Revela a filha que a mãe foi fazer a ecografia, voltou a sentir-se mal, foi vista por uma médica que telefonou de imediato para o serviço de urgência. Ao regressar a este departamento, conta Gisele dos Santos, a mãe foi obrigada a fazer e pagar a ficha – apesar de ser doente oncológico – e ficou um bom tempo à espera de ser atendida pelo enfermeiro e depois pelo médico de serviço. Cansada de ver a mãe sofrer e indignada com o atendimento médico dispensado pelo Hospital Baptista de Sousa, Gisele dos Santos decidiu divulgar este caso através do Mindelinsite, na esperança de alguém mudar o curso dos acontecimentos. 

Segundo Senhorinha dos Santos, desde que lhe diagnosticaram o tumor a sua vida deu uma cambalhota. Primeiro foi o impacto da notícia, depois as dores que aumentaram de intensidade e a impedem de levar uma vida normal. “Sinto-me muito mal. Tenho dores de cabeça intensos, sinto tonturas e enjoos”, revela a paciente, que sofreu ainda um ligeiro acidente vascular cerebral (AVC).

Natural de Santo Antão, Senhorinha dos Santos foi trazida pelos pais para S. Vicente quando tinha 11 anos de idade. Começou a estudar e adoptou S. Vicente como sua ilha de residência, onde teve dois filhos. Com lágrimas nos olhos pede a quem de direito para agilizar a sua evacuação antes que seja tarde demais.

O Mindelinsite tentou ouvir a direção do HBS, o que não foi possível até a publicação desta notícia.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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