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Faleceu Toi da Luz, um homem que dedicou a sua vida a ajudar os outros

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Se existe anjos na Terra, António da Luz foi certamente um deles. Foi porque Nhô Toi da Luz, como era tratado, faleceu esta manhã aos 94 anos de idade no hospital de S. Vicente, para onde foi levado ontem à noite com uma indisposição. Mas, como afirma o filho Micau Graça, deu o adeus à vida a sorrir, a ouvir música e a tocar palmas. “O meu pai não sofreu nos seus últimos momentos na terra. Ele estava sempre a sorrir e a bater palmas; ele partiu em paz e isso deixa-me feliz, por ver que ele cumpriu a sua missão”, comenta Micau Graça.

Homem crente e muito dedicado à igreja, Toi da Luz, cujo nome foi atribuído pelo pai em honra a Santo António, desenvolveu um trabalho social em S. Vicente, juntamente com os Capuchinhos, que terá ultrapassado as intervenções de entidade públicas ligadas ao sector. De forma incansável ajudou centenas de famílias a construirem a sua casa, muitas vezes oferecendo blocos que ele mesmo fazia. Ele andava a pé por todas as zonas periféricas à procura de pessoas carenciadas para ajudar. Embora humilde, sem dinheiro algum, ele dava a cara quando era preciso para conseguir arranjar uma janela, uma porta ou dois quilos de arroz para safar a fome aos necessitados. “Depois arranjava dinheiro e ia pagar”, diz o citado filho.

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Jardim Sto António, sito em Chã de Alecrim, uma das obras emblemáticas que Toi da Luz ajudou a criar

Toi da Luz esteve por detrás de projectos socioprofissionais que até hoje funcionam em S. Vicente, principalmente em Chã de Alecrim. Inciativas como o jardim Sto António, Centro de Corte e Costura, Centro de Acolhimento Irmãos Unidos, tudo obras que visaram ajudar mães solteiras e jovens que viviam na rua. Aliás, ele se empenhou arduamente até retirar vários adolescentes das ruinas do Fortim, na cidade do Mindelo.

‘Ele era uma pessoa tão bondosa que abriu uma loja e, em vez de vender, oferecia produtos. Acabou por ir à falência, mas nunca reclamou de nada”, revela Micau Graça, mais conhecido por Micau d’Laginha, praia de mar onde praticamente cresceu por ter nascido numa casa pertencente à ex-Empa, situada a escassos metros do areal. Micau foi um dos 10 filhos de Toi da Luz e Nha Bia, sua esposa por mais de 70 anos. “Nasceram um para o outro. O meu pai foi o primeiro namorado da minha mãe; minha mãe foi a primeira namorada do meu pai. Nunca se separaram e eram o suporte do outro. Nos últimos tempos ele não estava a reconhecer ninguém, mas não se esquecia da sua Bia”, frisa.

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Quando era criança, Micau não entendia o comportamento do seu pai, sempre disposto a tirar de si para dar aos outros. Acabou por compreender que isso era a sua missão na vida. “Hoje gostaria de ter feito um quarto daquilo que ele fez”, diz o jovem, que se sente “leve” com a partida do pai, mas ao mesmo tempo triste. Como diz, Toi da Luz encontra-se agora no mundo da luz.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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