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Emigrantes acusam médico de os expor por suspeita de estarem infectados com Covid-19

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Os emigrantes Miguel Santos e Libânia Fernandes estão revoltados com o alegado comportamento de um médico da clínica Medicentro que, segundo os mesmos, os expôs perante outras pessoas presentes na área de atendimento por suspeita de estarem infectados com o novo coronavírus. Segundo Miguel Santos, o médico não teve a devida reserva ao falar com a secretária do estabelecimento e dizer em voz alta que ele estava infectado com a Covid-19. “Todos sabemos que a doença provoca preconceito social, o mínimo que se poderia exigir dele era cautela”, frisa.

Tudo aconteceu, conforme o relato de Miguel Santos, na passada quarta-feira. De férias em S. Vicente, sentiu o corpo “gripado” e procurou a clínica. Fez a ficha e mediram-lhe a temperatura, que deu normal. Foi para a sala do médico, explicou-lhe os sintomas de gripe que estava sentindo e foi-lhe pedido para fazer o teste da Covid. Feito o exame, recebeu um envelope fechado e pedido para ir ter com o médico na sua sala. “O médico já sabia o resultado, disse-me que o exame deu positivo para Covid e mandou-me aguardar num quarto isolado“, conta Miguel Santos. Antes de entrar no quarto, prossegue, o médico perguntou-lhe se estava acompanhado ao que respondeu da sua esposa.

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“Ele disse logo que a minha mulher precisava também fazer o exame“, continua. Segundo o emigrante, no momento em que Libânia Fernandes estava a pagar o exame laboratorial, o médico aparece na zona do atendimento e diz à secretária: “Essa é a mulher do sr. Miguel, que está com Covid!”

Segundo o casal, a zona do atendimento estava “cheia” de gente e algumas pessoas terão escutado aquilo que disse porque falou com “voz alta”. “O mínimo que se poderia esperar era que fosse reservado e não expor as pessoas desse modo”, comenta Miguel Santos.

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Embora “chocado” com o suposto comportamento do médico, Miguel Santos não reagiu na altura. Até porque estava à espera de ser transportado por uma ambulância dos bombeiros. No entanto, após um longo período de espera, e sem sinal dos bombeiros, permitiram que fosse para casa no seu carro, isto depois de alguma insistência da sua parte.

A caminho da residência resolveu parar numa farmácia e comprar os remédios receitados. Enquanto aguardava, recebeu uma chamada da Delegacia de Saúde e foi informado que já era considerado um caso positivo de Covid pelo que deveria respeitar as regras do isolamento. “Aproveitei e disse à pessoa que queria fazer um outro teste. Ela disse-me que não era permitido fazer dois testes. Quando lhe disse que tinha feito o exame na Medicentro ela aconselhou-me a fazer um teste PCR”, revela Miguel Santos.

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Deste modo, ele, a esposa e o filho foram fazer o exame e, para espanto geral, nenhum dos testes deu resultado positivo para Covid-19. Aliás, informa Libânia Fernandes que o exame que fez na Medicentro deu também resultado negativo.

Por conta disso, Miguel Santos teve que passar o S. Silvestre isolado numa casa, enquanto aguardava o resultado do PCR. Além disso, acrescenta, ficou impossibilitado de dar alguns “expedientes” nos últimos dias das férias, que terminaram ontem. Partiu para Portugal com o sentimento de ter sido mal atendido na referida clínica.

O Mindelinsite contactou o gerente da clínica para ouvir a versão do médico. O gestor, que está de férias, ficou de falar com o médico e enviar-nos o contacto. Ficamos dois dias à espera e nada aconteceu até a publicação desta notícia. E, como foi impossível a este jornal ouvir a versão do médico, optamos por não revelar o seu nome.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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