Covid-19: Empresário ameaça ir à Embaixada de CV na França e só sair com resposta de repatriamento
O empresário Bruno Ferreira, residente na ilha do Sal, retido há mais de 100 dias em Paris, pede ao Governo de Cabo Verde uma explicação do motivo de não lhe ter dado a possibilidade de regressar no voo de repatriamento de cidadãos franceses e que terá vindo vazio na terça-feira. Revoltado com o que considera ser inércia da Embaixada e do Governo nacional, exige uma resposta convincente por o terem deixado na França, juntamente com outros 30 cidadãos nacionais inscritos para repatriamento.
“O governo da França deu-nos a possibilidade de voltarmos no voo que enviou para buscar os seus cidadão no arquipélago, mas Cabo Verde negou receber-nos porque dizem que não há hotéis disponíveis para nos colocarem. No entanto, com a quantidade de espaços que há no país, e pela capacidade de alojamentos que possuem, não aceito esta justificativa”, reage Bruno Ferreira.
Este empresário, que tem loja no Sal, onde reside, ameaça ir hoje à Embaixada cabo-verdiana e só sair dali com uma resposta convincente, pelo facto de não lhes terem dado a oportunidade de regressar no voo de repatriamento de cidadãos franceses. Enquanto isso, faz conta aos prejuízos, que já ultrapassaram o meio milhão de escudos, por estar a pagar despesas em Paris e as rendas da casa e da loja, sendo que esta última se encontra fechada, em Cabo Verde. Por isso, descreve a sua situação naquele país como sendo insustentável.
“Vim para passar quatro dias e deveria regressar algumas horas antes do fecho das fronteiras. No entanto, a Cabo Verde Airlines cancelou a viagem no dia anterior e avisou-nos três horas antes da partida” assegura, lamentando o facto de a companhia de bandeira nacional não ter arcado com os custos da estadia, uma vez que cancelou a viagem antes do encerramento das fronteiras. Para piorar, continua, seu filho de dois anos está em Cabo Verde internado no hospital com uma intoxicação intestinal e é obrigado a assistir a tudo impotente.
Três bilhetes comprados
Nestes três meses, Ferreira já adquiriu três bilhetes de avião em voos que nunca se realizaram, pago 140 euros (cerca de 15 mil escudos) para fazer o teste de despiste da Covid-19, condição necessária exigida para o repatriamento. Para receber o valor pago pelos bilhetes, terá agora que aguardar pelo prazo legal que as agências possuem para o reembolso aos passageiros, que pode chegar a um ano.
Adianta ainda ter sido a primeira pessoa a inscrever-se na Embaixada de Cabo Verde na França para o repatriamento, logo no dia em que as fronteiras foram fechadas. No entanto, viu regressar mais de 600 crioulos à terra enquanto que ele e outros cabo-verdianos continuam na França.
A decisão de adiar a abertura das fronteiras cabo-verdianas, faz com que Bruno Ferreira se desespere e ameace fechar o negócio, ja que nem consegue recorrer a créditos bancários neste período, para injectar na sua empresa, uma vez que tem que ser presencial.
“Se estivesse em Cabo Verde poderia, mesmo que não abrisse a loja para o público, dar seguimento a vendas online, como costumamos fazer”, explica.
Sem condições para aguardar a abertura das fronteiras em Agosto, este cidadão residente em Cabo Verde sente-se abandonado e esquecido na França nesta altura de pandemia.
Sidneia Newton