A chuva provocou a derrocada de parte do terreno a redor de um edifício construído na ribeira que recebe as enxurradas da zona de Canalona, em Chã de Alecrim, projecto que, refira-se, foi bastante criticado pela sociedade civil mindelense devido ao risco apresentado. Acontece que a terra cedeu à forca da água ao ponto de provocar uma cratera e deixar suspenso parte do passeio do prédio. Para moradores dessa área, esse cenário era previsível e poderia até ser pior se a chuva continuasse por mais tempo.
Segundo Emilio Fortes, residente há muitos anos nessa zona, quando iniciaram a obra comentou em voz alta que só um burro teria a ideia de construir uma casa nesse local. “Estavam cá dois senhores bem vestidos que me repreenderam por dizer isso. E eu mantive a minha opinião porque vi logo que estavam a brincar com a forca da natureza. E agora vimos isso”, frisa esse ex-emigrante, que viu a água começar a escavar e a “comer” a terra nessa ribeira. Para ele, a situação ficou perigosa para o prédio, mas pode ficar pior se chover com a mesma intensidade que nestas últimas horas. Por isso defende uma intervenção imediata de quem de direito para se evitar coisa pior.
O carpinteiro Rui afirma que essa obra foi mal feita, por ser num local muito sensível. Estava na cara das pessoas, adianta, que um dia a chuva iria reclamar o seu caminho natural. “Decidiram cortar o caminho da água e vê-se agora o resultado. Se não fosse um pequeno dique construído ao lado deste prédio possivelmente outras casas seria afectadas”, prognostica esse morador de Chã d’Alecrim, que aproveitou para lembrar que um contentor chegou a ser derrubado nessa zona quando antes deu uma chuva com muito menos intensidade.
Para o septuagenário Manuel Gomes, essa obra foi executada nessa ribeira pelo simples facto de muita gente acreditar que não chove em S. Vicente. Um engano que, diz, pode custar caro.