A igreja Católica, através da Cáritas, lançou uma campanha com duração de um mês para angariação de fundos de forma a prestar auxílio aos mais atingidos com as consequências do Covid-19. Identificadas já estão centenas de agregados, sendo a maioria nas ilhas de Santo Antão e de São Nicolau, onde o número de pedidos já ultrapassa quatrocentas famílias. Com o passar do tempo, a organização religiosa acredita que o número vai aumentar.
A seca que deu sequência ao mau ano agrícola, e com os trabalhadores que foram para o desemprego e que trabalhavam nas ilhas do Sal e da Boa Vista, parece ter agravado ainda mais a situação social nestas duas ilhas. A Cáritas admite já ter disponibilizado cerca de mil contos e que está nas comunidades para sinalizar outros necessitados. Uma situação que inspira cuidados e que levou o Bispo Dom Ildo Fortes a lembrar que o Papa Francisco apelou para que as pessoas olhem para o próximo.
“Nós estamos todos no mesmo barco e ninguém se salva sozinho. Todos nós, instituições religiosas e civis ou nos juntamos ou nos afundamos”, expõe. Ao mesmo tempo que pede apoio nesta campanha a empresas e cabo-verdianos dentro e fora do país, congratula as iniciativas sociais que têm surgido ao longo desta pandemia. A Cáritas Diocesana e a Igreja Católica em Cabo Verde elogiam ainda os governantes pelas medidas adotadas para prevenir a propagação da doença.
Com esta campanha intitulada “É em tua casa que quero celebrar a Páscoa”, a Cáritas instiga a solidariedade dos cabo-verdianos dentro do país e na diáspora para que seja possível arranjar fundos e bens materiais para socorrer os que já estão a passar por dificuldades agora e os que poderão vir a precisar depois. “É preciso ter em mente que talvez o pior esteja por vir, com o fecho da economia, com limitação das atividades que estávamos acostumados, muitos problemas estarão por vir” prevê Ildo Fortes e acrescenta que a Cáritas está a preparar-se para acudir estes necessitados em concertação com as instituições e câmaras municipais.
Por outro lado, a acção da Cáritas “vai para além das ajudas materiais”, pois, sublinha o Bispo que o cuidado espiritual é também chamado. “Há pessoas que bens materiais não lhes faltam, mas que necessitam de outros cuidados como na solidão, medos, pânicos, os idosos isolados neste momento e por isso estendem a caridade cristã nesta direção.” diz Dom Ildo, que estimula os crentes a fazerem frente a esta pandemia com orações e outros cultos religiosos.
Criada em 1976, a Cáritas é das primeiras ONG de cariz social no pós-Independência criada com o objetivo de servir os outros e rege-se pelos princípios da caridade cristã e justiça social. Esta rede é formada pelas duas diocesanas do país e pelas paróquias de todo o território nacional. Nesta campanha pretendem apostar na força e facilidades da internet e chegar ao maior número de pessoas, empresas e instituições dentro e fora do país.
Sidneia Newton (Estagiária)