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Cães na rua: A causa principal é o abandono pelos donos, dizem associação Si Ma Bô e vereador Rodrigo Rendall

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O comportamento dos cães à noite em S. Vicente continua a ser um elemento perturbador do sono de um número considerável de pessoas. A “sinfonia” dos latidos, que  perdura madrugada dentro, é de tal monta que muita gente já não sabe o que é dormir tranquilamente. A acrescentar a essa situação, o barulho das motos e de pessoas que passam perto das casas a conversar em alto som, sem se importar se estão ou não a incomodar o descanso nocturno do outro.

Apesar das tantas reclamações feitas pelos munícipes, a realidade demonstra que o “problema” dos cães vadios, mas também dos que são criados nos terraços, está longe de ser resolvido. Pelo contrário, a percepção é que tem estado a agravar.

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Testemunhos indicam que o fenómeno é geral, ou seja, afecta todas as zonas, com maior ou menor intensidade. Comentários no Facebook de um elevado número de internautas convergem sobre o incómodo que essa situação provoca. No entanto, ninguém defende medidas drásticas como solução. Aliás, boa parte entende que a origem do problema está exactamente na falta de atenção que os donos dispensam aos cães.

Para Paulo Manzoni, membro da associação Si Ma Bô, este é mesmo o busílis da questão. Como explica, muita gente adora os animais quando são bebês, mas os atiram para a rua quando crescem. “Quando são bebés são fofinhos e muito mimados. Quando começam a atingir a idade adulta são descartados”, critica este italiano. Manzoni enfatiza, ao mesmo tempo, que a espécie vira-lata é a mais afectada. “Por acaso já viu alguém colocar na rua cães de raça? Não, estes são para embelezar os sofás das casas ou para negócio”, comenta.

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Na perspectiva de Paulo Manzoni, a solução mais viável para este problema é a castração. Matar, diz, não resolve nada, caso contrário, prossegue, já não haveria cães vadios em S. Vicente, uma vez que essa medida já foi adoptada em tempos idos. Só que, na sua perspectiva, não há empenho das pessoas para a castração dos animais.

“Há 12 anos que vimos tentando ajudar a resolver esta questão, mas a nossa função é proteger os animais abandonados. Nós não tiramos os cães das ruas, eles pertencem ás ruas, são um valor da cidade. Quando somos solicitados apanhamos o animal, ele é tratado, castrado e colocado de novo no local onde foi recolhido”, esclarece Manzoni. Este acrescenta que a associação Si Ma Bô já castrou 14 mil cães nos seus 12 anos de trabalho. Além disso, efectuou um censo canil há alguns anos, que apontou para uma média de 1 cão por cada 4 pessoas na ilha de S. Vicente, um rácio que ele considera normal tendo em conta a realidade de outras paragens.

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Aumento de cães vadios na Baía das Gatas

Paulo Manzoni, associação Si Ma Bô

Um dado curioso, segundo Paulo Manzoni, é que foi detectado um aumento exponencial de cães vadios na Baía das Gatas. Numa abordagem com moradores dessa zona turística ficou a saber que os animais não pertencem às pessoas residentes. “São animais levados da cidade e abandonados pelos donos. Fazem isso porque sabem que ali os animais podem encontrar comida e fica-lhes difícil descobrir o caminho de volta para a casa. Se fossem largados na cidade certamente que regressariam”, frisa.

Este fenómeno foi, aliás, notado também pelo vereador Rodrigo Rendall, da Câmara Municipal de S. Vicente, nomeadamente nestes últimos dias. “Estou a passar férias aqui na Baía das Gatas e notei isso”, reforça. Segundo Rodrigo Rendall, há poucos dias reparou no comportamento “diferente” de um cão nessa praia e ficou a saber de um guarda que o animal foi abandonado ali no dia anterior. Este facto, para ele, demonstra que a primeira causa desse problema são as pessoas.

O abate dos cães, na perspectiva de Rendall, não é a solução para esse fenómeno por diversas razões, sendo a primária os direitos que assistem a esses animais. Logo, para ele, é preciso trabalhar num plano de longo prazo, mas sem especificar qual. O certo, diz, é que a CMSV equipou um carro para a recolha de cães abandonados, essa viatura foi apedrejada por populares, que libertaram os animais. No entanto, Rendall entende que se deve abater os gravemente doentes, por uma questão de saúde pública.

O latido dos cães à noite, reconhece Rendall, atinge todas as zonas. Esse problema, diz, não se restringe aos cães na rua, mas também os nos terraços. Só que nestes casos, enfatiza, o trabalho da fiscalização é limitado pela lei. “Se o dono de um cão que anda a incomodar vizinhos quiser impedir os fiscais o acesso à sua casa está no seu direito. Logo o assunto terá de ser tratado nos tribunais”, esclarece o vereador, que volta a frisar que a causa principal dos cães vadios são as pessoas que resolvem abandona-los à sua sorte.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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