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Trabalhar no estrangeiro – Why not?

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Por: Dann Andrade

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Sim, porque não?

A economia no mundo está se reconstituindo após o duro golpe da pandemia que afetou sobremaneira todos os setores de atividade. Apesar da crise multifacetada que assola o mundo, apelidada em Cabo Verde de ”tripla crise”, verifica-se, atualmente, uma corrida para prover os mercados da mão-de-obra perdida em decorrência da pandemia, por despedimentos, cessação de contratos, morte, incapacidade, migrações, etc.

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Nos dois últimos anos, o desemprego em Cabo Verde, como em vários países do mundo, aumentou exponencialmente. A camada mais afetada foi a juvenil, na faixa etária entre os 15 e os 35 anos, elevando-se acima dos quatro dígitos.

Os hotéis, sobretudo nas ilhas do Sal e da Boa Vista, ao primeiro sinal de tempestade lançaram no desemprego, abandonando-os à sua própria sorte, centenas de trabalhadores, a maioria jovens, sem o mínimo de compaixão nem comprometimento para com eles, mesmo sabendo que muitos sequer tinham dinheiro para viajarem para as suas ilhas de origem. Isso sem falar na exploração e precariedade laboral de que muitos estavam sujeitos, antes da Covid-19.

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Muitos patrões encontraram na pandemia uma forma de se livrarem de trabalhadores e sobrecarregarem, sob ameaça, os que ficaram. Para eles era a grande oportunidade de acumular riqueza ainda que fosse à custa da desgraça alheia.

Temos consciência de que a pandemia levou algumas empresas a fecharem as portas. Outras reduziram significativamente as suas receitas, é facto, mas houve muitas que beneficiaram e a sua faturação viu-se multiplicada.

Hoje, com a retoma económica, oportunidades estão a surgir, maioritariamente fora do país, visando nacionais. As notícias de recrutadores portugueses, procurando mão-de-obra em Cabo Verde, chovem na internet.

Temendo não encontrar trabalhadores qualificados para explorar, alguns operadores turísticos que operam em Cabo Verde começam a manifestar o seu desagrado por haver interesse exterior na mão-de-obra nacional. Por outro lado, as associações patronais levantam as suas vozes contra essa investida externa que vai consumando o seu intento em levar para fora do país pessoal qualificado em vários domínios profissionais, temendo que o país fique desfalcado de profissionais, favorecendo países da União Europeia, mais concretamente Portugal.

Perguntamos, então:

Como podem eles reclamar se a taxa de desemprego jovem é tão alta e sem perspetivas de uma redução a curto prazo?

Os jovens precisam urgentemente de suprir as suas necessidades. Precisam comer, vestir-se, pagar contas, sustentar família, sonhar, ter projetos de vida. Os jovens precisam de dinheiro para viver. Pois bem, se há essa possibilidade de trabalho no estrangeiro, porquê ficar em Cabo Verde no desemprego?

Deixem voar os nossos jovens. Deixem-nos correr atrás dos seus sonhos, do seu sustento. Se não lhes podemos oferecer emprego e renda, porque não deixá-los ir? “Yes, why not”?

Ademais, a saída deles neste momento só favorecerá o país: a falta será imediatamente suprida por um grande número de outros que se encontram no desemprego, fazendo diminuir essa taxa. Por outro lado, aqueles que vão emigrar constituirão, a curto e médio prazo, fontes de receita para o país, que vão engrossar as remessas dos emigrantes.

Por conseguinte, vamos despirmo-nos de preconceitos e, como diz o outro: “deixem-nos tentar a sua sorte”.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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