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Sem transportes não há desenvolvimento

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Por: António Santos

Um sistema de transportes eficaz é fundamental para uma economia competitiva e resiliente. O fluxo eficiente de mercadorias e pessoas é um fator facilitador fundamental para o desenvolvimento económico, ao contribuir para a segurança alimentar, a educação, a redução da pobreza, o crescimento inclusivo e muito mais.

Aliás, como dizem os economistas, um sistema de transportes acessível a todos liga as pessoas, cria mercados e incentiva o desenvolvimento económico e social. Mas, pelos vistos, o Governo cabo-verdiano, apesar de ter inscrito no Orçamento do Estado de 2023 o montante de 601 milhões de escudos para o sector, continua a não assegurar aos cidadãos e empresas de todas as ilhas um transporte seguro, regular e fiável.

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Independentemente do ministro do Mar, Abraão Vicente, afirmar que neste momento circulam nos mares de Cabo Verde sete barcos a fazerem as linhas completas. Um facto, é que as falhas constantes nas ligações inter-ilhas (marítima e aérea) impedem o desenvolvimento sustentável das economias locais e provocam graves transtornos na circulação de pessoas e mercadorias.

Ao que parece, o Governo esquece que a natureza do sector dos transportes, cujo papel económico e social está longe de se esgotar na maior ou menor rentabilidade das empresas, conferem-lhe um papel estratégico e determinante no desenvolvimento de um país.

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O Governo também se esquece que o transporte de mercadorias e a sua articulação com a produção e o aparelho produtivo, a cobertura por uma rede de transportes marítimos e aéreos de todo o território nacional – assegurando a sua coesão e a mobilidade das populações -, as especificidades das grandes áreas metropolitanas, a ligação às comunidades cabo-verdianas residentes no estrangeiro e os tempos de deslocação, conferem a este sector uma dimensão estratégica que, para ser útil a um país, não pode estar dependente da lógica de exploração, onde o objetivo do lucro se sobrepõe a todos os outros.

Em pleno século XXI não dá para entender a “miopia política” do Governo, que mantém um sector de transportes completamente desregulado e distorcido, que dá cabo da economia das ilhas, principalmente a ilha de S. Nicolau – a principal vítima da irregularidade dos transportes.

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Parafraseando alguns deputados da oposição também afirmamos: “Os cabo-verdianos sentem-se sitiados no seu próprio país, os cabo-verdianos sentem-se humilhados. O governo do MpD falhou completamente no sector dos transportes”.

Cabo Verde não está condenado a ter o seu presente e o seu futuro hipotecado por uma política que, pela sua natureza e orientação ao serviço “sabe-se lá do quê”, é incapaz de resolver os problemas nacionais e garantir condições de vida dignas ao povo cabo-verdiano.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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