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Partidos políticos e as eleições do ano 2021

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Por: Francisco Bettencourt

O MPD ganhou as eleições com uma maioria absoluta no parlamento. Eu acreditei desde a primeira hora que o MPD ganharia as disputas, mas não pensei numa derrota estrondosa como a de 2016, que surpreendeu muita gente. Dada a forma simples e humilde com que o Dr. Ulisses Correia e a sua equipa vêm governando o país, sem arrogância e sobretudo com respeito aos órgãos da soberania, facilitou que o MPD ganhasse as eleições.

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Durante os seus cinco anos de governação, os partidos da oposição não souberam aproveitar as oportunidades para contrariarem de forma substanciada e profissional a sua governação, trazendo alternativas viáveis, e nem conseguiram convencer o eleitorado a votar contra o programa apresentado ao povo das ilhas para um segundo mandato. Ou seja, os partidos da oposição não conseguiram explorar eventuais falhas do governo do MPD durante esses 5 anos de governação, para que pudessem convencer o povo a votar contra o atual partido vencedor das legislativas de 18 de abril de 2021.

Relativamente ao PAICV, a meu ver, não é a Dr.ª Janira Almada que vem fazendo o partido perder as sucessivas eleições. São as marcas deixadas na memória do povo, os desmandos do seu partido nos seus últimos cinco anos de governação, até 2016, aliados aos conflitos internos que vinham putrificando o PAICV desde 2011. Muitas promessas foram feitas e a maioria não passou do papel. Por isso, o povo, que parece ter memória de elefante, ainda não se recompôs a ponto de ganhar a confiança perdida desde essa altura. Na minha opinião, são essas as principais causas das derrotas sofridas e o partido irá levar muito mais tempo para entrar nos eixos da vitória nas futuras eleições, se não adotar uma estratégia política convincente, capaz de reconquistar o seu eleitorado desanimado e escondido nas abstenções.

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A Dr.ª Janira está de parabéns pelos trabalhos feitos, tanto nas autárquicas, como nestas eleições do dia 18 de abril, em que liderou a eleição de, até este momento, 29 deputados para a Assembleia Nacional, à semelhança das eleições de 2016. Não se pode lutar contra a maré.

A UCID cresceu passando de 3 para 4 deputados. Poderia ter crescido mais se o seu líder não fosse vitalício e poderia ter saído melhor dessas eleições se tivesse traçado uma estratégia diferente. Acredito que um líder de um partido é como um pneu de carro: se não for substituído a tempo útil, fica-se sempre pelo caminho. Dois mandatos são suficientes para liderar um partido, porque senão o povo acaba por se cansar e concluir que nesse partido não tem mais pessoas capazes de assumir essas funções. O homem cansado perde a capacidade de reflexão.

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Por isso, a UCID deveria repensar a melhor forma de mobilizar militantes e amigos para o partido nas outras ilhas, atrair mais “Amadeus” capazes de apresentar ao povo das ilhas outros temas com assuntos importantes, fazendo, periodicamente, debates políticos, e não só, com envolvimento de jovens e outras pessoas maduras que possam dar os seus contributos ao desenvolvimento do país e para que, de facto, o povo se reveja na UCID um partido com garantia, capaz de assumir uma governação do país.

Creio que a mensagem do Dr. Amadeu Oliveira, embora tenha surgido tardiamente, não foi convincente, mas conseguiu, de uma forma ou de outra, fazer a UCID crescer, elevando o número de deputados para 4 em relação às eleições de 2016; foi um elemento de destaque, porque conseguiu preocupar tanto o MPD como o PAICV em São Vicente. Isto ficou patente, porque tinham as baterias viradas à sua pessoa com palavras e afirmações menos corretas, proferidas por pessoas com alguma responsabilidade neste país. 

No mais, se a UCID continuar como está, nunca deixará de ser um partido de São Vicente e à sombra de um MPD que já conquistou a maioria da população local, com destaque para o Monte Sossego onde tem o maior número de eleitores. De qualquer forma, parabenizo-o por mais esta tentativa.

Congratulo o MPD pela vitória, augurando que leve o País para um bom porto, o PTS, o PP e o PSD pela audácia, a CNE pelo bom serviço prestado e por último e principalmente a democracia cabo-verdiana nesta eleição.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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