David Leite
Estou a meter foice em seara alheia, eu sei – mas não resisto. É só uma palavrinha sobre o desfile dos Professores, segunda à noite. Grande espectáculo, como sempre os professores fizeram um brilharete e estão de parabéns. Mil vezes bravo!
Mas tenho por mim que o desfile não brilhou tanto quanto no ano passado. Tentei compreender porquê, e dei comigo a pensar:
Primeiro, o desfile dos professores sempre foi no sábado, à tarde, à luz do sol. Este ano foi adiado para segunda à noite, uma opção que, verdade seja dita, não foi do agrado de todos os docentes. Muitos, tradicionalmente comprometidos com a Escola de Samba Tropical, não puderam desfilar com os seus colegas, por causa da sobreposição de horários. Todos notámos que o desfile estava desfalcado de gente.
Com a mudança da parada para segunda feira, os Professores perderam o seu dia, que era sábado, dia em que eram o centro de todas as atenções. Este ano, todos esperavam vê-los como a primeira parte de um megashow em que a estrela principal já era conhecida.
E eis que a “primeira parte” salvou a situação, uma situação deveras volátil!
As estrelas foram, afinal, os Professores – elas e eles! Para Samba Tropical, o grande Samba, infelizmente os ventos não estiveram de feição: o mega-atraso, quatro horas, desferiu um golpe terrível no moral dos foliões, com a sua direcção atarantada numa azáfama febril para sanar os imprevistos, o público estupefacto, primeiro resignado, por fim agoniado face à falta de uma simples informação. Muita gente foi para casa. Pena, nessas circunstâncias a informação é um excelente paliativo.
Apesar dos seus desaires, Samba Tropical não desmereceu e brindou-nos com um belíssimo desfile. Samba é Samba, sempre!
Os “estragos” teriam sido bem menores se durante essa espera interminável os grupos espontâneos tivessem animado a malta nos palanques… como nos bons velhos tempos em que o carnaval era do povo e não apenas um business para consumo turístico.
Fica a dica.