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Não chega parecer Cabralista, é preciso ser Cabralista

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Por: Xazé Novais

Dizia-me um camarada “numa troca de galhardetes” facebookianos sobre o resultado das eleições de Domingo último: “… o PAICV assume o legado teórico de Amílcar Cabral e, de forma criadora,… nele se apoia para dirigir a ação pela edificação de uma sociedade próspera e de justiça social”, in Estatutos do PAICV- Preâmbulo.”

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Respondi-lhe, parafraseando o outro pela negativa, que não chega parecer Cabralista, é preciso ser Cabralista. Aquilo que está escrito nos Estatutos é uma coisa, aquilo que as pessoas fazem dele é uma completa e total outra coisa. Enfim…

Chegou a hora de olharmos para trás com a objetividade e a humildade que o momento exige porque é desse olhar critico e construtivo de cada um dos seus militantes que o PAICV depende! Da minha parte, continuarei argumentando que em São Vicente o partido necessita fazer “mea culpa” para recomeçar um ciclo de empatia com a ilha. Continuarei argumentando que a cúpula na Praia precisa muito mais que apoiar, precisa escutar e se escudar nas Lideranças Locais e não nas certezas absolutistas que invadiram a liderança nacional do partido de uns anos a esta parte. A continuarmos nessa negação, e na mesma teimosia em que fomos bom governo para Soncent, que nada precisamos mudar e que assim continuaremos, estamos condenados à marginalização nesta ilha. Isto já durou demais.

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É preciso resgatar o partido a tempo de o ser. Cabo Verde precisa de um PAICV unido, coeso e forte. Mas sobretudo Cabo Verde precisa de um PAICV societário e não de um partido fechado nas suas certezas ideológicas. Os meus alertas vêm de há muitos carnavais. Retomemos o caminho do partido de Líderes que sempre fomos, é esse um dos maiores ensinamentos de Cabral. Um partido dum só Líder não cabe numa sociedade aberta, plural e moderna, não condiz com os desígnios nacionais que o PAICV sempre carregou da sua génese a esta parte.

Não há razões para desmotivação, Soncent saiu vencedora nestas eleições mesmo não tendo conseguido o intento de quebrar os ciclos de maiorias absolutas que vêm aumentando o fosso entre o Centro e as Periferias! Mesmo assim Soncent se colocou no centro das atenções enviando um grande aviso à navegação. Soncent é o único círculo em território nacional (tirando DjarFogo) onde o MpD não dá cartas. Onde não recebe a maioria dos votos. Onde, caso os eleitos nacionais também formassem Governo Regional (proposta minha), coligações seriam indispensáveis e poderiam mesmo serem coligações negativas…

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Espero portanto, desejando sucessos na missão que ora se inicia, que o Governo saído destas eleições tenha isso tudo em devida conta e faça por merecer a confiança que os cabo-verdianos uma vez mais acabam de renovar neles, com particular atenção por nôs Soncent.

Formamos um só país, somos um só Povo. Seja qual for o ganho de Cabo Verde, seja com que governação, será sempre um ganho de todos nós.

Que venha pois o Cabo Verde para todos, Com todos e sobretudo De todos. Viva Soncent, viva Cab Verd!!!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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