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Opinião

Ilha do Sal – Turismo de Massas e  Fatores Ambientais

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As condições naturais da Ilha do Sal desde o princípio foram os elementos favoráveis a implementação do Turismo, bem como a infraestrutura aeroportuária existente, o que levou a criação de forma tímida de um destino “de turismo”, que durante décadas manteve-se genuíno e amiga do natural.

Por: Neusa Gonçalves

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Com a globalização veio o início das grandes construções e os investimentos imobiliários  que começou a trazer investimentos, mas de forma desregrada em cima do mar ou da biodiversidade (SEM PLANEAMENTO SÉRIO), tanto nas ZDTI’s bem como nas vilas da época.

1- Com isto também veio o início do fim das belas dunas de areia na costa Sul e Este, pois, está desenfreada execução de obras, tanto na imobiliária turística ou para habitação daqueles que tiveram de deslocar aos trambolhões para a ilha trabalhar. A teimosia em manter os mesmos métodos construtivos durante cerca de 3 décadas, onde a areia é um bem grátis, sendo apanhado até dentro no mar nas nossas praias, onde a mais prejudicada foi PARDA, um paraíso de desova de tartarugas desde sempre, e, que hoje apenas as oferece terra rija. A duna na Ponta Preta roubada pelos hotéis desta mesma área nos dias de Quarentena para embelezar os seus interiores, num total desrespeito a Ilha e sua natureza. 

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2- A apanha de jorra na zona Norte para construções, feriu o peito da Ilha, deixando-o cheio de buracos profundos e perigosos, nunca tendo um lugar certo de apanha, e nem um trabalho de correcção do solo após o abandono do lugar.

3- A febre das calçadas teve o mesmo caminho, pois todo e qualquer lugar onde existe pedra ideal para tal, é esburacado, sem se ter em conta o factor ambiental e visual, destruindo a paisagem da Ilha de uma forma muito pouco artística. Onde anda o Ministério do Ambiente e a Câmara Municipal?

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As zonas protegidas hoje todas elas desprotegidas, abandonadas e invadidas pelos oportunistas de plantão, onde fazem a falsa protecção ambiental um negócio de milhões, criando desequilíbrios que poderão jamais ser corrigidas, tanto em terra como no mar. 

A Ilha recebe quase 500.000 visitantes nos melhores anos e isso levou a quase acabar com as espécies de peixes, crustáceos, moluscos e corais na zona costeira e até hoje continua a delapidação sem nenhum controlo ou estudo sério de preservação, pois apenas das tartarugas se fala e nem delas são feito estudos sérios, pois não vivem em terra mas sim no mar, aonde nunca ninguém vai ver a real situação delas com as demais espécies, caso estejam em excesso, pois ultimamente a saída delas nas praias tornou-se algo nunca antes visto. Apenas do negócio tartaruga se fala e a natureza do Sal vai-se degradando e a qualidade do destino talvez nunca chegue, pois amanhã poderemos ter que fechar a Ilha para repouso ecológico como fez a Tailândia a bem pouco tempo.

Lixo nas prais

Falar do ambiente e não trazer Terra Boa ao barulho seria mau, pois, os filhos desta ilha sabem o quanto já deu para alimentar as suas gentes, e hoje, não passa de um lugar boicotado para a agricultura, invadida de acácias árvores e acácias humanas, que têm destruído uma das mais grandes áreas férteis e arável do país, local que produziu quase de tudo. Os furos de água feitos ultimamente, não serviram para agricultura, pois a água é vendida para construção e os agricultores e criadores de gado gozados, por mera maldade e abandono.

A questão do lixo, um não assunto no seio dos dirigentes, numa das Ilhas que mais plástico produz, produto do consumo de garrafas e outros produtos nos hotéis e restaurantes, que apenas se contenta com uma taxa ambiental, mas que no fundo apenas continua com as queimadas e nunca se tem seriedade e investir no tratamento do lixo de forma a prepará-lo para reciclagem seja localmente ou em outro país, pois 90% dos containers volta vazia, poderiam voltar para os mesmos lugares onde vieram cheios de produtos plásticos. Continuar a fazer aterro ou queima de lixo, é ser Avestruz a enterrar a cabeça, não na areia mas sim na  estupidez. A falta de verbas não pode ser uma desculpa, pois tanto as taxas são suficientes para tal, bem como os doutoramentos em lixeiras e saneamento. 

A cada texto o desanimo relacionado com o nosso futuro é maior, pois, as reuniões, eventos, fóruns, e demais blá-blás, de nada tem servido para se ajustar e colocar a Ilha no caminho que merece, de ser uma das mais desenvolvidas (≠crecimento) no País.

Os textos longos são precisos, pois a preguiça mental, nos tem encaminhado para o abismo que seguimos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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