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Governo “voa baixinho” na venda do Dornier

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Por: António Santos

O (des)governo de Cabo Verde anunciou a venda da aeronave Dornier da  Guarda Costeira mediante um despacho conjunto dos ministérios da Defesa e das Finanças, de 18 de novembro, estabelecendo, sem fixar datas, que a hasta pública terá como base de licitação o valor a atribuir à aeronave por uma comissão designada para o efeito.

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Com esta decisão confirma-se, mais uma vez, o desnorteamento e a (des)politica pública desse (des)governo. Em 2018, o executivo cabo-verdiano anunciou a troca do Dornier por Aviocars retirados das operações militares da Força Aérea Portuguesa (BO N.º 53, I Série, de 08-08-2018 (1) Rosolução nº 77_2018). Na altura, tanto o Primeiro Ministro, como o Vice Primeiro Ministro e também o Ministro do Desporto defendiam que os Aviocars tinham condições de operar em Cabo Verde. O Governo foi avisado de que “seria um tiro no pé” insistir no negócio, o que se veio a provar com o cancelamento, tempos depois, da troca do Dornier pelas Aviocar.

Os mesmos “vendedores” desvalorizaram o Dornier no ato do anúncio da sua (não)venda dizendo que o avião com menos de 6000 mil horas e 27 anos de idade já tinha atingido o limite de vida útil operacional, tendo valorizado, pelo contrário, os Aviocars que têm 45 ou 47 anos de idade, com mais de 8000 horas de voo e que estiveram “abandonadas” mais de 9 anos. Este Governo já tomou a mesma atitude com a Cabo Verde Airlines ao permitir o aluguer de Boeings com mais de trinta anos e milhares de horas de voo. Na época da confirmação  deste contrato de aluguer, o Governo defendeu que “um avião para estar operacional não interessava a idade”,  santa paciência.

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/ O actual Governo está a “enterrar” o Estado de Cabo Verde no que diz respeito à aviação comercial e à aviação militar. Em relação à TACV/CVA a trapalhada está à vista de todos, independente da ignorância que se tenha sobre a matéria

Não conseguimos entender como é que é possível dizer que o custo de manutenção de um avião ultrapassa o valor de compra de uma nova e com melhores condições. Com a venda do Dornier, o Governo tenciona encaixar uma boa verba para investir em outros equipamentos para a “frota militar e até infraestrutura aeronáutico”. Mas, continuamos sem entender este negócio: o próprio Governo diz que o avião atingiu a sua vida útil e, por isso, não se encontra em condições de voar, a pergunta que se coloca é a seguinte: o Governo tenciona vender a aeronave para a sucata, dado já não se encontrar em condições de voar ou, apesar dos “problemas” do avião, insistir em vende-lo a privados para eles realizarem voos particulares ou coletivos, colocando em risco a vida de passageiros e tripulantes?!

Meus Senhores, esta situação deve-se, unica e exclusivamente, à vossa teimosia e à falta de transparência nos negócios do Estado, sabendo-se que, até agora, só o Estado de Cabo Verde “é que sai a perder”. As avultadas verbas utilizadas no aluguer de um dito jet stream eram suficientes para adquirir uma outra aeronave que custe cerca de 3,5 milhões de Euros – valor gasto no aluguer desse dito avião durante um ano. 

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O actual Governo está a “enterrar” o Estado de Cabo Verde no que diz respeito à aviação comercial e à aviação militar. Em relação à TACV/CVA a trapalhada está à vista de todos, independente da ignorância que se tenha sobre a matéria. Já, em relação às Forças Armadas, o Governo tenta ‘lançar poeira para os olhos dos cidadãos e dos militares’, ao tentar «impingir» aos privados, um avião que, pelos visto, não voa.

Do nosso ponto de vista, esta situação deve-se à ineficácia do executivo em gerir um grande avião que está sendo vitima da má gestão do atual Governo, recorde-se esta aeronave se enncontrava operacional e tinha condições financeiras para que continuasse a sua operacionalização. Mas, enfim, os nosso governantes pensam que a memória é curta e que os cabo-verdianos rapidamente esqueçem das mas práticas do vosso desgoverno.

Tenho dito.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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