Por: Kátia Cruz
“AS HEROÍNAS, AS INVISÍVEIS.”
Com efeito, a luta de libertação nacional é um importante momento histórico para Cabo Verde, sendo uma das referências históricas para a construção da nossa identidade nacional, que está ancorada em discursos, narrativas, representações, símbolos e registos que enaltecem a visibilidade numa perspetiva masculinizada.
Embora, se tenha começado a notar “alguma” atenção sobre a pertinência da participação / contribuição da mulher cabo-verdiana na luta, ainda não há uma linguagem inclusiva por parte da sociedade civil, da academia e das instituições políticas do país.
Por outo lado, torna-se importante refletir como são transmitidas essas narrativas. Nosso conhecimento é construído pelas narrativas que escutamos e muitas vezes essas narrativas deixam alguns acontecimentos de fora ou são “intencionalmente” esquecidos.
Bom, penso eu, que as mulheres cabo-verdianas não são compreendidas como “sujeitos” históricos, revelando apenas a voz dos homens enquanto intérpretes e participantes da História Nacional, silenciando e invisibilizando as mulheres, relegando-as ao lugar secundário da nossa História.
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Nesta perspetiva, como Cientista Social, e como filha desta nação, anseio que façamos uma correção nas nossas narrativas, enfatizando nas nossas narrativas uma linguagem inclusiva, onde homens e mulheres têm o mesmo valor na construção identitária destes “10 grunzim d`terra”. Pois, ao lado dos homens “heróis” estiveram mulheres “heroínas” que partilharam e vivenciaram momentos de coragem, muitas não tendo pego em armas, mas deram igual contributo nas várias frentes da luta.
Sendo assim, para que essa linguagem inclusiva seja alcançada, é necessário construir novas versões da história do nosso país e que sirvam para construir nossas narrativas sobre as mulheres Cabo-verdianas.