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Celebremos, pois, com racionalidade!

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Por: Nelson Faria

Nesta quadra festiva seria desejável que colocássemos os óculos do realismo, sem o otimismo mentiroso e nem o pessimismo deprimente.

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Já está mais que exposta a dramatização da realidade pós-2019 marcada pela concretização e acentuação de riscos globais como a Pandemia da COVID-19 e suas consequências, as tensões geopolíticas mundiais e guerras impactantes, assim como os efeitos das alterações climáticas em todo o globo. Realisticamente falando, é facto que isto tudo é diretamente consequente com as nossas vidas, quer a nível psicossocial quer a nível financeiro. Tanto é que hoje constatamos condicionamentos vários, pessoais, sociais e financeiros na redução do poder de compra por conta destes fenómenos e seus efeitos.

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Isto obriga a nossa reflexão e re-conexão com o essencial, com valores e princípios adequados e adaptados a este tempo. O mundo até 2019 ficou lá. O mundo agora é outro. Ou adaptamos, com a resiliência que nos caracteriza, sabendo viver com o que temos, ou perecemos e deprimimos na frustração de ações e expectativas que não se adequam ao momento.

Esta época festiva é um momento para isso, para refletirmos sobre a essência das nossas vidas nas circunstâncias em que nos encontramos:  se são importantes os valores que deveriam caracterizar este tempo como a união, a paz, a fraternidade familiar ou se é o status ditado pelo consumismo? Se as emoções desta conjetura ou se a racionalidade exigida pela realidade? Se a solidariedade ou o egoísmo? Se há tempo que exige mudança de mentalidade, de adaptação e resiliência, é este, é nesta época festiva. Ir ao encontro da essência, de quem somos, de quem queremos ser e de como queremos viver numa era nova que se avizinha.

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Tendo em conta uma realidade ainda mais difícil em aproximação, queria fazer um apelo ao uso da razão em vez das emoções conjunturais para o consumismo desenfreado que não nos faz melhor, que nada traz para a nossa evolução e bem-estar, além de uma pontual sensação de prazer. Queria apelar a sermos o que somos e não o que queremos aparentar.

Ser em vez de ter. Não negligenciando que o dinheiro e matéria têm a relativa importância que têm nas nossas vidas, porém, sabendo o que é o necessário, o prioritário, sobretudo sabendo utilizá-lo sem fugir dos valores essenciais e sem desviar para o consumismo de aparência, procurando o consumo racional, estaremos mais perto da desejada resiliência imprescindível deste tempo. Celebremos, pois, com racionalidade.

É também um tempo muito difícil para muitos que nunca estiveram em situação delicada de necessidades básicas e ainda mais difícil para quem sempre esteve numa situação de carência; portanto, é um tempo que também exigirá partilha e solidariedade, de olharmos uns pelos outros, particularmente por quem está condicionado no básico da sua vida.

Com isto, nesta quadra festiva seria desejável que colocássemos os óculos do realismo, sem o otimismo mentiroso e nem o pessimismo deprimente. Podendo gastar algum valor nesta altura, que seja pela racionalidade. Que seja com base num orçamento pessoal ou familiar que não prolongue o mês de Janeiro além dos trinta dias que tem, que não potencie o endividamento desnecessário.

Que se dê prioridades a produtos e produção de origem nacional, particularmente os que advém do sector primário da economia (agricultura, pesca e pecuária), que procuremos presentes ou brinquedos amigos do ambiente originados na nossa criatividade. Que tenhamos o equilíbrio emocional e financeiro para não potenciar mais desgastes dos que já acumulamos até agora.

Desde já, Boas Festas! Que 2023 continue a evidenciar o nosso brio perante desafios e dificuldades.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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