Por: Américo Medina
Mais uma vez voltamos ao tema dada a sua sensibilidade e necessidade das autoridades competentes (AAC e concessionária dos aeroportos, ASA-NAV) mitigarem esse risco que está atingindo proporções incompatíveis com o nosso número de operações e características das mesmas.
No dia 24, no mesmo horário, uma aeronave da TAP, ontem, de novo, um avião da TAP, TP-1545/1546 e nova colisão com pássaros! No incidente do dia 24, o aparelho pernoitou tendo seguido no dia 25! No de ontem, o voo foi de novo cancelado, aguardando a operadora a vinda de técnicos de PT para avaliarem os danos!
O território cabo-verdiano, como já tínhamos assinalado, apresenta um baixo potencial para o desenvolvimento de problemas no aeronegócio que envolvam a fauna, tanto endémica como de sazonalidade regular. Em situações de bird strike, os dados da indústria atestam que a perda de vidas humanas é uma possibilidade muito remota, por outro lado os impactos económicos directos e indirectos para as transportadoras constituem motivos de grande preocupação (cerca de 2 bilhões de USD/ano, a nível global).
A indústria também chama a atenção para os “custos acessórios” que os aeroportos absorvem, relacionados com o bird-strike e que devem ser contabilizados, tais como: custos pelo encerramento de pistas, sua reparação e limpeza pós-colisão; custos de concepção, implementação e gestão de Programas de Controlo do Perigo Aviário; custos com a investigação e revisões de procedimentos relacionados com safety (segurança operacional); custos dos atrasos correlacionados; custos com os seguros…, para falarmos dos mais “tangíveis”.
As ocorrências com aves nos aeroportos de Cabo Verde, devido a baixa intensidade de tráfego, bem como um ambiente não “contaminado” por pássaros, era até bem pouco tempo praticamente nulas, irrelevantes. Os dados estatísticos e os mecanismos de reporting ilustravam que não havia fundamento algum para se tratar a questão com a mesma “intensidade” que noutras latitudes (fauna intensa, densa, diversificada). Aliás, das várias dezenas de companhias aéreas que operavam nos aeroportos e na nossa TMA (Área de Controle Terminal) nenhuma se referia ao fenómeno como uma preocupação da primeira, segunda ou terceira linha.
Que se passa? Esse SMS do “AINM” tem merecido a atenção devida do gestor aeroportuário ou de facto os rumores que circulam por aí sobre laxismo, falta de foco, ambiente laboral/moral em decadência, ausência de rigor e boas práticas correspondem à realidade? “Crime Organizado” e “Sabotagem” do tipo que afligem umas empresas por aí?
As autoridades e gestores têm que meter mãos nisso! O nosso negócio não suporta esse ratio de incidentes versus movimentos de aeronaves e a má reputação que geram!