Agatha Silveira
“Mulher trans, jovem, sonhadora e determinada, ela enfrentou o preconceito, os olhares atravessados e as portas fechadas com a cabeça erguida e o coração firme em um propósito maior: vencer por ela e por todas as que não puderam.“
Na vida, existem trajetórias que transcendem estatísticas, quebram barreiras invisíveis e deixam marcas profundas na história daqueles que ousam ser quem realmente são. Agatha Silveira é um desses nomes que se inscrevem com brilho especial no livro da dignidade, da coragem e da vitória pessoal.
Nascida em Santo Antão, mais precisamente no interior de Tarrafal de Monte Trigo, Cabo Verde e criada em meio a desafios que só quem vive na pele pode compreender, Agatha sempre soube que seu caminho não seria o mais fácil. Mulher trans, jovem, sonhadora e determinada, ela enfrentou o preconceito, os olhares atravessados e as portas fechadas com a cabeça erguida e o coração firme em um propósito maior: vencer por ela e por todas as que não puderam.
Na última sexta-feira, 25 de julho, Agatha Silveira alcançou um marco que resume, mas não limita, a grandiosidade de sua caminhada. Aos 22 anos, tornou-se finalista do curso de Contabilidade no Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais (ISCEE), provando que a competência não tem gênero e que o conhecimento não se curva diante da intolerância.
Mais do que receber uma fita ou ter seu nome lido em voz alta, Agatha foi reconhecida como ela realmente é: uma mulher forte, inteligente e merecedora de cada conquista. Seu nome, escrito na cartela de fitas e na lista de chamada, foi um ato de justiça e respeito, mas também um símbolo: o símbolo de que o futuro pertence a quem tem coragem de escrever sua própria história.
Agatha representa centenas de vozes que ainda lutam por visibilidade, por igualdade, por dignidade. Seu percurso não foi feito apenas de livros e provas, mas também de resistência, de afirmação e de muito amor-próprio. Ela inspira, encoraja e transforma — com sua presença, com sua voz e com sua existência.
Hoje, celebramos Agatha Silveira não apenas como finalista, mas como vencedora da vida, exemplo de autenticidade e inspiração para toda uma geração. Que seu nome ecoe com orgulho nas salas, nos corredores e nas consciências. Porque onde há coragem, há futuro. E Agatha é, sem dúvida, parte essencial do que queremos ver no amanhã.