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A vida por um fio

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Por: Paula Mouta

Desde o primeiro trimestre do ano de 2020 que o mundo inteiro entrou numa bolha gigante, em que toda a nossa forma de ser, sentir e estar em sociedade começou a ser questionada e colocada numa espécie de linha do tempo, presa por um fio invisível e à espera de ser ajustada a uma outra realidade.

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Não importa a região geográfica de cada um de nós, religião ou raça. Pela primeira vez, todo o planeta precisa de erguer a bandeira branca da “PAZ”. Acontece que este é um encontro diferente, não estamos perante aquela que está implícita a um ato beligerante entre o poder político e territorial de homens. Esta paz é nova, ela busca pelo equilíbrio entre a vida e a morte, entre a doença e a saúde e sobretudo pelos valores humanos.

No livro “A Estranha Ordem das Coisas”, o cientista António Damásio aborda a capacidade suprema do ser humano, numa íntima relação entre o seu intelecto e a estrutura celular numa autorregulação, consistente e constante. É-nos explicado nesta obra o princípio do equilíbrio da vida humana, formado pela homeostasia, que regula o meio interno e o externo através das ações mecânicas que o corpo humano produz face ao ambiente em que habita (fatores epigenéticos). E é aqui, neste pequeno encontro entre estes dois universos, que reside o portal que nos leva ao encontro da “Paz”.

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No exato momento em que o homem perdeu o respeito pela harmonia e quebrou todas as regras da homeostasia, colocou em risco as nossas vidas. Nada disto aconteceu de um dia para outro, mas vem acontecendo lentamente desde a grande fase industrial após a segunda guerra mundial. Acontece por ganância, sede de poder, por quotas comerciais, por acesso à riqueza sem controle e por falta de respeito e amor próprio e ao próximo. 

Desde os últimos 30 anos, este evoluir para a morte, cresceu numa velocidade descontrolada, desenfreada e sem ter em conta o risco de vida das populações e da grande casa de todos nós, o “Planeta Terra”.

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E agora, como podemos controlar e combater este inimigo minúsculo e invisível que consome as nossas vidas?

Dizem os sábios da ciência que ele se dissipa com água e sabão, bolhas de sabão. Que precisamos de uma boa higiene para que ele se descole dos nossos corpos, para que não se entranhe e nos bombardeie o sistema imunitário e coloque em risco de vida a nossa homeostasia.

Isto levou-me a pensar numa tática caseira, daquelas em que as mães adotam na sua sábia forma de proteger os filhos, quando algo os agride, ou quando uma doença se instala.

Há 21 anos, quando a minha última filha nasceu, fui obrigada a buscar por uma solução viável e natural para lavar a roupa de criança de forma a que a sua pele não sofresse agressões causadas pelos químicos dos detergentes comuns. Descobri após muitas pesquisas as bolas ou sementes (nozes) da erva-saboeira ou, do latim saponária officinalis. Uma planta silvestre presente nos campos de Portugal Continental e Arquipélagos da Madeira e dos Açores. São matéria primária e renovável na forma de cascas dos frutos, que possuem um sabonete hipoalergénico e muito suave, a saponina. Hoje em dia pode encontrar estas nozes à venda em qualquer região do mundo.

A árvore da saponária absorve dióxido de carbono e produz oxigénio. É por isso um recurso renovável e de fácil cultivo, sendo um sabão natural de longa duração que substitui vários produtos de limpeza em nossas casas. Servem para lavar roupa à mão, na máquina, lavar loiça, limpar o chão e todas as superfícies lisas, ou cuidar da higiene pessoal.

Na minha mente criativa, ao saber da grande capacidade de limpeza natural destas cascas, imaginei o nosso planeta envolto numa grande bolha de espuma de saponária, tal qual uma bola de sabão gigante, com reflexos do arco-íris e suspenso num fio invisível, para secar e libertar-se deste vírus terrível que nos mata em grande número.

Ou então, que tal todos nós evoluirmos para uma vida mais natural e começarmos a andar munidos de frasquinhos de saponária com água, para fazermos muitas bolinhas de sabão, coloridas e brilhantes, para tornarmos o mundo mais livre de químicos, de avidez desmedida e com uma outra forma de estar e de viver.

Fazer o homem ir em busca da verdadeira paz, num encontro entre o corpo, a mente e uma vida mais sustentável. Onde não precisemos de travar esta batalha à escala mundial entre a vida e a morte, suspensa por um fio…

Temos de nos unir em amor, numa fé verdadeira pela crença de que todos juntos seremos uma só vida, uma só força, um só poder, uma “PAZ VERDADEIRA”.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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