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Tubarões e dragões de Komodo ameaçados de extinção

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Dois em cada cinco tubarões estão ameaçados de extinção, indica um estudo que revela também que os dragões Komodo da Indonésia foram listados como “em risco de desaparecer do planeta” numa atualização da Lista Vermelha da Vida Selvagem. De acordo com uma reportagem do JN, estas duas espécies estão a atingir o pico da sexta extinção em massa de animais do planeta, garantem os cientistas.

Cerca de 28% das 138 mil espécies avaliadas pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), através da lista de vigilância de sobrevivência, estão em risco de desaparecer da natureza, à medida que o impacto destrutivo da actividade humana sobre o mundo se aprofunda.

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A última atualização da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas também destaca o potencial de recuperação, com quatro espécies de atum pescadas comercialmente a recuar da extinção, depois de uma década de esforços para travar a sobre-exploração. A recuperação mais espetacular foi observada no atum rabilho do Atlântico, que subiu três categorias, de “ameaçado” para a zona segura de “menor preocupação”.

A espécie – um pilar fundamental do sushi de alta qualidade no Japão – foi avaliada pela última vez em 2011. “Estas avaliações da Lista Vermelha demonstram quão estreitamente as nossas vidas e meios de subsistência estão interligados com a biodiversidade”, disse o director-geral da IUCN, Bruno Oberle.

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Uma mensagem chave do Congresso da IUCN, que está a decorrer na cidade francesa de Marselha, é que o desaparecimento de espécies e a destruição de ecossistemas não são ameaças menos existenciais do que o aquecimento global. Ao mesmo tempo, a própria mudança climática está a lançar uma sombra mais escura do que nunca sobre o futuro de muitas espécies, particularmente animais e plantas endémicas que vivem exclusivamente em pequenas ilhas ou em certos focos de biodiversidade.

Os dragões de Komodo – os maiores lagartos vivos do mundo – são encontrados apenas no Parque Nacional de Komodo, considerado Património Mundial, e na ilha vizinha das Flores. A espécie “está cada vez mais ameaçada pelos impactos das alterações climáticas”, revela a UICN: espera-se que a subida do nível do mar diminua o seu minúsculo habitat em pelo menos 30% nos próximos 45 anos.

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“A ideia de que estes animais pré-históricos se aproximaram da extinção devido em parte às alterações climáticas é aterradora”, considera Andrew Terry, diretor de Conservação na Sociedade Zoológica de Londres. O seu declínio é um “apelo clarividente para que a natureza seja colocada no centro de toda a tomada de decisões” nas conversações sobre o clima da ONU em Glasgow, acrescentou.

O estudo mais abrangente de tubarões e raias jamais realizado revelou que 37% das 1.200 espécies avaliadas estão agora classificadas como ameaçadas de extinção, enquadrando-se numa de três categorias: “vulneráveis”, “ameaçadas”, ou “criticamente ameaçadas”. Trata-se de mais um terço de espécies em risco do que há apenas sete anos, afirma Nicholas Dulvy, autor principal de um estudo publicado ontem e que serve de base à avaliação da Lista Vermelha. “O estado de conservação do grupo como um todo continua a deteriorar-se, e o risco global de extinção está a aumentar a um ritmo alarmante”, explicou à AFP.

Cinco espécies de peixe-serra – cujos focinhos serrados ficam emaranhados nas artes de pesca – e o icónico tubarão-martelo-anequim estão entre as espécies mais ameaçadas. Os peixes cartilagíneos, um grupo constituído principalmente por tubarões e raias, “são importantes para os ecossistemas, economias e culturas”, disse Sonja Fordham, presidente da Shark Advocates International e co-autora do estudo.

A Organização para a Alimentação e Agricultura reporta cerca de 800 mil toneladas de tubarões capturados todos os anos, mas a investigação sugere que o número real é duas a quatro vezes superior. A UICN lançou oficialmente o “estatuto verde”, o primeiro padrão global para avaliar a recuperação de espécies e medir os impactos da conservação. A nova bitola mede até que ponto as espécies estão esgotadas ou recuperadas, em comparação com os seus níveis populacionais históricos, e avalia a eficácia das acções de conservação passadas e potenciais futuras.

Foto: AFP

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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