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Terceira Guerra Mundial já começou, diz reitor da Universidade de Mariupol

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O reitor da Universidade de Mariupol afirmou que a terceira guerra mundial já começou. Já o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou à comunidade internacional para que se una e impeça a invasão russa, denunciando “crimes de guerra” por parte de Moscovo. Isto num dia em que uma investigação revela que as forças russas atacaram pelo menos 34 instalações médicas ucranianas.

Para o reitor da Universidade de Mariupol, a terceira guerra mundial promovida pela Rússia já começou, primeiro através da desinformação e propaganda e agora com uma acção militar na Ucrânia. Segundo Mykola Trofymenko, primeiro foi a “guerra global” em “termos de desinformação, propaganda e informação” e agora “a parte militar desta guerra já começou na Ucrânia e não sabemos o que vai ser a seguir porque Putin também já começou a dizer-nos que vai usar armas químicas ou nucleares”, afirmou, em entrevista à Lusa, Mykola Trofymenko, que saiu de Mariupol há poucos dias, quando já era impossível sobreviver, como civil, na cidade fortemente bombardeada pelas tropas russas.

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Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro com o argumento de que iria afastar um regime nazi, é “um homem que tomou como refém todo o seu país e está a lavar a mente das pessoas através da televisão e propaganda. O seu próprio povo não compreende o que está a acontecer”, frisou. 

Nas últimas semanas, o mundo está a falar de um risco de uma terceira guerra mundial, mas Mykola Trofymenko avisa que esse conflito já começou há muito através de acções de descredibilização da democracia com recurso à desinformação em larga escala e que a Ucrânia é apenas uma etapa.

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O Presidente russo “deve ser detido”, declarou o reitor, mostrando-se incrédulo com o que se está a passar: “tenho um doutoramento em ciência política e quero queimar o meu diploma”. “Veja o que fizeram à minha terra, é impossível acreditar que tudo isto seja possível no centro da Europa, na Ucrânia, no século XXI”, disse o reitor, que estende a responsabilidade também à hierarquia militar. 

A culpa não é apenas de Putin, os seus “soldados estão a carregar nos botões, estão a atirar as bombas para as zonas civis. Não sei como é que eles conseguem dormir depois disso”, acusou. Sobre a acção dos países ocidentais, Mykola agradece o apoio militar e as palavras de incentivo, mas diz que isso não chega. “Claro que os países estrangeiros estão a ajudar-nos com as suas armas e com o seu dinheiro, mas deveriam tomar algumas decisões responsáveis e fechar o céu sobre a Ucrânia” porque está a haver “um genocídio na Europa e a União Europeia também está em perigo”. 

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Nos últimos dias, os russos têm publicado vídeos nas zonas alegadamente libertadas de Mariupol, com distribuição de comida e entrevistas a habitantes locais, que Mykola considera serem actores pagos. “Esta propaganda ajuda-os a manter o poder no seu próprio país. Se os russos souberem a verdade sobre o que estão a fazer na Ucrânia, o que estão a fazer ao povo que era anteriormente irmão, não acredito que concordem em apoiar este Presidente que é agora um criminoso militar”, argumentou. 

Com formação nos EUA em desinformação e propaganda, Mykola Trofymenko disse à Lusa que começou a verificar as pessoas filmadas em Mariupol pelo exército russo e explicou que é visível que os habitantes da cidade não falam, mas apenas pessoas estrangeiras que dizem ter amigos na Rússia e se dizem perseguidos por Kiev.  “Estão a tentar mostrar que Mariupol faz parte do mundo russo”, mas “nós não somos parte do mundo russo, e nunca lhes perdoaremos o que fizeram à nossa cidade e às nossas instituições, às nossas famílias e às nossas casas”, afirmou o reitor. 

Ontem Ramzan Kadyrov, líder de um grupo de militares chechenos pró-russos, publicou nas redes sociais que havia tomado a Câmara de Mariupol. Mas, segundo Trofymenko, o local é apenas umas das delegações camarárias. Os milicianos “devem verificar a desinformação e a informação de propaganda com muito mais frequência”, ironizou, embora admita que a queda de Mariupol seja uma questão de tempo. “É claro que a Ucrânia é muito forte e não vamos desistir tão facilmente”, mas “não sabemos o que Putin vai fazer a seguir depois da Ucrânia”.

Fonte: Visão.sapo.pt

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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