Cerca de 380 crianças com hemofilia e outras doenças do sangue foram infetadas com HIV durante tratamentos realizados no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS). O caso aconteceu nas décadas de 1970 e 1980, aponta investigação feita pelo governo britânico sobre o escândalo.
Os dados que agora surgem fazem parte de uma investigação pública, que já era conhecida, e dá conta que, entre 1970 e 1991, 1.250 pacientes com doenças de sangue contraíram o vírus na sequência do Fator VIII, um tratamento considerado inovador, que substituía a proteína de coagulação que faltava no sangue. Sabe-se agora que um em cada três infetados eram crianças.
Em agosto, o governo britânico anunciou que ia ressarcir as vítimas com 100 mil euros, assim como os companheiros daqueles que morrerem da doença. Apesar de as indemnizações terem começado a ser pagas este mês, nem os pais enlutados nem os orfãos estão abrangidos pelo acordo. Espera-se que, quando o inquérito estiver concluído, em 2023, todos os que foram afetados sejam indemnizados.
Ainda segundo a BBC, cerca de metade dos infetados morreu antes sequer de ter acesso a medicamentos antirretrovirais. Além daqueles que foram contagiados com HIV, suspeita-se que nesses mesmos anos dezenas de milhares de outras pessoas foram expostas à hepatite C – que pode causar insuficiência hepática e cancro – por terem sujeitas ao mesmo tratamento e transfusões de sangue.
Nessa altura, o Reino Unido não era autossuficiente em produtos sanguíneos, pelo que recorria, frequentemente, a importações dos Estados Unidos da América, sendo que, cada lote, era constituído por plasma sanguíneo de milhares de dadores e bastava um deles ter HIV para o vírus ser transmitido.
As empresas farmacêuticas norte-americanas que forneciam os lotes terão pago a grupos de risco, como reclusos e toxicodependentes, para se tornarem dadores, estando alguns deles infetados.
C/Sol.pt