O preço do petróleo transaccionado no mercado norte-americano continua abaixo de zero, depois de um dia em que registou a maior perda de sempre ao chegar a valores negativos. A cotação do West Texas Intermediate (WTI) referente aos contratos para entrega em Maio — cuja negociação acaba esta terça-feira — chegou a estar em terreno positivo esta madrugada, mas voltou a descer para -4,55 dólares por barril.
Ontem foi um dia sui generis. A cotação chegou a estar a um valor negativo de 40,32 dólares. Como a queda foi tão acentuada — superior a 300% — a recuperação que se regista representa, mesmo com o preço do barril ainda abaixo de zero, uma variação de 88%. E o prazo de negociação dos contratos futuros de Maio está a chegar ao fim.
O mercado norte-americano está com excesso de stocks e, com a queda no consumo devido ao recuo na economia devido ao novo coronavirus, em paralelo com uma produção de petróleo elevada, o problema agudizou-se. Muitos investidores estão com dificuldade em encontrar um armazém onde possam guardar os barris de petróleo dos contratos de Maio e estão a preferir vendê-los no mercado.
Com isso, a trajectória de queda acentuou-se nas últimas horas para valores inéditos. E isso aconteceu mesmo depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os principais aliados, como a Rússia, terem chegado a acordo na passada semana para cortarem a produção mundial em 9,7 milhões de barris por dia.
Mas esta medida foi insuficiente para travar a queda que se registou na segunda-feira nos mercados internacionais. Na tarde de ontem, o preço do barril de petróleo cotado em Nova Iorque referente a Maio valia 12 dólares, mas, ao fim do dia, a queda já foi tão grande que chegou a um dólar e, pouco depois, em terreno negativo.
Em declarações à Reuters, Phil Flynn, analista da consultora Price Futures Group em Chicago, explicava que “as refinarias estão a trabalhar a níveis baixos porque ainda há a imposição de confinamento em muitos Estados [norte-americanos]”.
Enquanto os contratos futuros de WTI referentes a Maio negociam-se em valores negativos, os para entrega em Junho, embora também tenham estado em queda acentuada, continuam com a cotação positivo, 20,2 dólares por barril.
C/Agencias Internacionais e Publico.pt