Um incêndio florestal, que já está a ser considerado um dos mais mortais do século XXI, provocou 123 mortos e mais de uma centena de desaparecidos no Chile. O violento incêndio deixou sem luz, água e sob uma nuvem de fumaça os moradores de Quilpué e Villa Independencia, duas das áreas mais povoadas desta região, situada a 120 km de Santiago.
Milhares de pessoas tentam reerguer das cinzas após este incêndio florestal, que deixou um rasto de destruição. O presidente do Chile declarou dois dias de luto esta segunda-feira. As queimadas já são consideradas uma das três mais mortais do mundo. Sem eletricidade, pouca água e com um clima muito quente, os moradores destas duas região estão sofrendo com a falta de serviços básicos que os ajudem a se reerguer em meio a ruas cobertas de escombros, carros carbonizados e cinzas.
Em Viña del Mar, os moradores se mobilizaram levando água, roupas e comida às áreas mais castigadas. Com pás e vassouras, famílias e amigos subiram os morros em mutirões de limpeza. “Não há explicação. De verdade este é um desastre. No ano passado, fomos afetados por um incêndio florestal e isto é seis vezes pior. Estamos tirando escombros […], depois vamos levar o que falta casa por casa”, disse à AFP Camila Pérez, que organizou-se junto com familiares para levar ajuda a El Olivar.
O tráfego piorou com a chegada dos voluntários, gente que quer ajudar as famílias e dar assistência aos animais de estimação. Também trabalham no local bombeiros e equipes oficiais em busca de vítimas nos locais incendiados. Em pleno verão no hemisfério sul, esta região de praia está com grande parte dos hotéis sem funcionários porque foram afetados pela catástrofe, que deixou um rastro de casas queimadas e vias estreitas cheias de veículos que até agora não se sabe se estavam estacionados ou ocupados por pessoas que tentavam fugir.
As autoridades afirmam que é difícil o trabalho “de levantamento de corpos”. Até domingo ainda havia locais com focos de incêndio, mas também porque há veículos e casas carbonizados. “Há 190 desaparecidos em Viña del Mar”, disse a prefeita de Macarena Ripamonti, acrescentando que 20 mil moradores foram afetados. Na segunda-feira, voltou a ser adotado um toque de recolher nocturno para facilitar os trabalhos dos médicos legistas, a limpeza de escombros e repor alguns serviços públicos.
O papa Francisco pediu orações pelas vítimas, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, se solidarizou com o Chile. A França e o alto representante de política externa da União Europeia, Josep Borrell, ofereceram para lidar com a catástrofe que remete “aos estragos da seca e do clima”.
C/Agências
