Os franceses goraram a expectativa da extrema-direita de chegar ao poder nas eleições legislativas, cuja segunda volta terminou ontem. Quando tudo apontava para uma vitória folgada do partido Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, que ficou à frente na primeira volta, França deu uma guinada à esquerda, como indicam as projeções à boca de urna. Estas apontam para uma vitória da aliança de esquerda Nova Frente Popular, enquanto Reunião Nacional desce da primeira para a terceira posição.
A Nova Frente Popular acabou por eleger o maior número de deputados, estimados entre 188 e 199, conforme a TF1, enquanto o partido Ensemble, a coligação do Presidente Emmanuel Macron, poderá ficar entre 164 a 169 parlamentares. Juntos, a FNP e En superam a extrema-direita, que deve eleger 143 deputados.
Para Jean-Luc Mélenchon, presidente do principal partido da coligação Nova Frente Popular, a esquerda conseguiu atingir o que muita gente não esperava e assegura que o partido está pronto para governar. Já o líder solicialista Olivier Faure, também da FNP, salientou que a votação permitiu evitar o pior, que seria a chegada ao poder da extrema-direita na França.
Do lado do Reunião Nacional, Jordan Bardella, indicado como o potencial Primeiro-ministro caso a extrema-direita vencesse o pleito, afirmou que a vitória da FNP representa uma aliança da desonra, contranatura, que impediu, mais uma vez, os franceses de alcançarem a mudança que desejam. Salientou que os “perigosos acordos eleitorais” entre Macron e Gabriel Attal, actual Primeiro-ministro, com grupos de extrema-esquerda estão a privar o povo francês de uma politica de recuperação.
Como consequência das eleições, Gabriel Attal anunciou que vai entregar hoje a sua carta de demissão do cargo de Primeiro-ministro ao Presidente Emmanuel Macron para que seja escolhido um novo Chefe do Governo. Assegurou, no entanto, que se vai manter em funções até quando for preciso.