Apontado como o estratega do golpe que derrubou o Presidente eleito do Níger, o general Abdourahmane Tchiani, que chefiava a guarda presidencial, declarou-se líder da junta militar que assumiu o poder naquele país africano. Mohamed Bazoum foi o primeiro líder eleito do país a suceder a outro desde a independência, em 1960. Continua detido pela guarda pessoal.
Dois anos depois que Mohamed Bazoum ter sido eleito presidente, a primeira transição democrática do Níger foi concluída. O general Abdourahamane Tchiani anunciou em conferência televisiva que vai chefiar o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CLSP), a junta militar de transição.
Após 12 anos à frente da guarda presidencial e, com desavenças com Bazoum, Tchiani justificou o golpe pela “deterioração da situação de segurança”. Criticou sobretudo a falta de cooperação do governo deposto com as juntas militares de Mali e Burkina Faso para combater a insurgência jihadista na região.
Mesmo após a eleição de Bazoum como o primeiro presidente eleito nas urnas em 2021, os jihadistas, que se enraizaram no vizinho Mali em 2012, ganharam mais terreno, aumentando a violência que deixa milhares de mortos e mais de seis milhões de deslocados em todo o Sahel.
O Níger é um aliado importante dos países ocidentais contra as insurgências islâmicas na África Ocidental e várias tropas estrangeiras, incluindo francesas e americanas, estão baseadas lá. Embora não tenha referido a França em seu discurso, Tchiani assegurou que “todos os compromissos internacionais assinados pela República do Níger e os direitos humanos” serão respeitados.
A comunidade internacional condena o golpe e exige o regresso à ordem constitucional. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas exigiu a libertação imediata e incondicional do presidente deposto, enquanto o presidente francês rejeitou o levante militar: “Este golpe é perfeitamente ilegítimo e profundamente perigoso para os nigerianos, para o Níger e para toda a região”, disse.
C/Agências