Pub.
EconomiaEscolha do Editor

Passageiros sugerem novos horários para as viagens São Vicente-Santo Antão nos fins-de-semana

Pub.

Os passageiros frequentes da rota São Vicente-Santo Antão e vice-versa sugerem novos horários das viagens aos fins-de-semana. Pedem que a saída do Porto Grande às sextas-feiras seja remarcada para as 18 horas e do Porto Novo, no domingo, às 19 horas por forma a permitir que tenham mais tempo com as famílias. De quebra, dizem, as unidades de alojamento e a restauração podem rentabilizar ainda mais os seus espaços porque os visitantes vão permanecer mais tempo na ilha das montanhas. A responsável comercial da CV Interilhas desafia os interessados a apresentar uma proposta à concessionária do transporte marítimo para se analisar a operacionalidade e rentabilidade da mesma.

A possibilidade de se alterar o horário das viagens entre São Vicente e Santo Antão nos finais-de-semana foi levantada por Aneth Rodrigues, natural da ilha das montanhas. Ao Mindelinsite, a jovem sugere que a CVI faça um estudo junto dos utentes para avaliar o grau de satisfação dos passageiros que trabalham e estudam em São Vicente, mas que passam os fins-de-semana com a família em S. Antão. “A meu ver, os horários não podem ser os mesmos de segunda à segunda. A empresa deve adaptar-se consoante o perfil dos utentes e oferecer opções de escolha, com base em um estudo para a viabilidade das viagens nos finais de semana em horários diferentes, por exemplo, com saída de São Vicente na sexta-feira às 18 horas, no término de um dia de trabalho e/ou escolha, e regresso no domingo às 19 horas”, aponta Aneth.

Publicidade

Aneth Rodrigues fez uma postagem com a proposta de alteração do horário das viagens com saída de São Vicente na sexta-feira às 18 horas e regresso no domingo às 19 nas suas redes sociais e as reações não se fizeram esperar. É o caso, por exemplo, de Alécia Santos que diz concordar plenamente com esta mudança de horário porquanto, afirma, as pessoas e o comércio em S. Antão só terão a ganhar. Na mesma linha segue Fredilson Chai, Suely Veríssimo, António Carlos e outros tantos, para quem esta alteração de horário seria excelente. Este último alerta, no entanto, para a necessidade de um estudo de viabilidade, antes de qualquer mudança. “Saiu um barco e entrou outro, mas os horários continuam inalterados”, opina. Já Hernany Graça sugere ainda a venda de bilhetes nos fins-de-semana em forma de pacote, incluindo alojamento turístico na ilha das mantanha, numa parceria entre a CVI e os hotéis.

Turismo nacional

Para Vuka Lopes, a questão dos horários das ligações marítimas entre as duas ilhas resulta do facto das viagens não serem pensadas na perspectiva do turismo nacional. “Os operadores turísticos e os restaurantes teriam muito a ganhar com um horário mais alargado. Excelente proposta esta da Aneth. Sempre defendi esta ideia. A CVI poderia programar também viagens às segundas-feiras bem cedo, por forma a permitir as pessoas viajarem para ambas as ilhas ainda a tempo de irem trabalhar.”

Publicidade

Também Agnelo Oliveira reforça esta sugestão, dizendo que, em caso de impossibilidade de fixar este horário, a CVI poderia fazer viagens em fins-de-semana alternados com saída de S. Vicente na sexta-feira às 18 e regresso no domingo às 19h. Mais pragmático, Paulino Neves deita água na fervura. “Acho difícil uma empresa que faz um serviço pensando no lucro venha a adoptar esse horário. Para uma pessoa que fica na cidade do Porto Novo às 19h20 estará em casa, mas para quem vai para Chã d´Igreja ou Cruzinha, só vai chegar ao seu destino depois das 21 horas. Se for para Figueiras/Ribeira Alta então, vai chegar em casa no sábado, depois das 12 h”, afirma.

Este jovem portonovense lembra, em jeito de exemplo, que a viagem das 7 horas já causou muitos prejuízos a pacientes e famílias inteiras que perderam o barco por causa da hora matutina e tiveram de pagar mais mil escudos de transporte para voltar para casa e regressar no dia seguinte mais cedo para conseguir viajar. Já Katia Araújo questiona o descanso dos colaboradores que trabalham nos navios e que também têm os seus familiares e que precisam confraternizar com as suas famílias. “Vida de marítimo não é fácil. Vamos colocar no seu lugar por favor.”

Publicidade

Entretanto, se para os trabalhadores e estudantes de Santo Antão que vivem em S. Vicente ou vice-versa a alteração no horário habitual das viagens seria “ouro sobre azul”, para os comerciantes seria um desastre. É o que diz João Santos, mais conhecido por Djone. Comerciante que atravessa o canal de segunda a sexta-feira religiosamente, este explica que uma viagem tão tarde seria impraticável para os condutores das carrinhas que saem de São Vicente carregadas de carga. “Sexta-feira é um dia de muito movimento. Quanto mais cedo chegar a Sant Antão, mais tempo terei para fazer a distribuição das mercadorias. O horário em vigor é melhor para nos os comerciantes e transportadores. O novo horário que estão a propor serve sobretudo às pessoas que vão à ilha de S. Antão passar o fim-de-semana.”

Igual entendimento tem o comerciante José Teixeira, também ele um passageiro frequente nesta rota. “Faço esta travessia todas as segundas, quartas e sextas-feia e moro em uma zona bem distante, Martiene. Neste sentido, uma viagem no final da tarde não me é confortável porque fico longe de Porto Novo. Com o navio a sair de São Vicente às 15 chego em casa sempre à noite, imagina se zarpar às 18”, reforça.

A Cabo Verde Interilhas não se mostra totalmente avessa a esta mudança de horário. Segundo Camila Mendes, do departamento comercial da concessionaria, os interessados devem fazer uma proposta à empresa para se avaliar da sua viabilidade e operacionalidade

Lidiane Sales/CP

Mostrar mais

Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo