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Economia

Movimentação de turistas em 2018: São Vicente “out” da estatística do INE

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A hotelaria nacional registou em 2018 mais de 765 mil hóspedes, número que corresponde a um acréscimo de 6,8 % face ao ano anterior. Sal continua a ser a ilha mais procurada, numa estatística em que São Vicente sequer aparece. Para o operador e guia turístico Théo Lautrey, a ausência da ilha deste estudo deve-se a duas razões: menos voos para São Vicente e concorrência de países mais acessíveis e com preços mais competitivos.  

É primeira vez que São Vicente não consta do Inquérito à Movimentação de Hóspedes, divulgado esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), talvez porque os números seja tão fracos que não se justifica. Os motivos não estão especificados, mas a retirada da C V Airlines do Aeroporto Internacional Cesária Évora pode ser um dos responsáveis por esta situação, segundo o empresário e guia turístico Théo Lautrey.

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“Penso que tem havido menos procura pelo destino São Vicente, em parte devido a dificuldade para conseguir voos, mas também porque estão a surgir outros lugares aqui perto, na África, muito mais competitivos, em termos de preço, facilidades de acesso e qualidade do serviço oferecido”, afirma. Théo cita, como exemplo, Marrocos, Argélia e Mauritânia, este último muito procurado actualmente por turistas de caminhada.

“Eram sobretudo turistas de caminhada que viajavam para São Vicente e Santo Antão. Cabo Verde registou um ´boom` de 2008 a 2013 por conta da ´Primavera Árabe`. Neste momento, alguns países africanos estão a emergir como nossos grandes concorrentes. Para além da proximidade com a Europa, oferecem muitas alternativas de voos, preços baixos e serviços de alto nível”, reforça.

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Outra razão, diz Théo, foi a suspensão do voo da Smartlinx (Air 4), que semanalmente trazia mais de uma centena de turistas para São Vicente. “Era um voo charter em que as agências de turismo reservavam os lugares. Vinha todos os Domingos cheio, deixava metade dos turistas em São Vicente e a outra metade no Sal. Operava de Outubro a Abril. Foi cancelado porque uma das agências, que normalmente comprava 50 lugares, desistiu por causa da diminuição da procura. As restantes acabaram por denunciar o acordo”, pontua este operador económico, que é sócio-gerente do hotel Terra Lodge.

Sal, a mais procurada

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Certo é que o levantamento feito pelo INE revela ainda que a ilha do Sal foi a mais procurada pelos turistas em 2018, representando cerca de 49,5% do total das entradas nos estabelecimentos hoteleiros do país. Diz ainda este estudo que, no quarto trimestre de 2018, esses estabelecimentos acolheram 212 mil hóspedes, mais 3,7% do que no período homólogo. Em termos absolutos, entraram nos hotéis mais 7.532 visitantes do que em igual período de 2017.

As dormidas atingiram 1.318.768 no mesmo período, traduzindo-se numa variação positiva de 3,3% em relação ao mesmo período de 2017. Números que representam um aumento de 145.221 dormidas. Os hotéis continuam a ser os mais procurados, representando 86,9% das entradas. Seguem-se as residenciais (3,8%), as pensões (3,3%) e os aldeamentos turísticos (3%). O mesmo acontece em relação as dormidas, sendo que, neste caso, os hotéis representam 91,1%, os aldeamentos 3,2% e as residenciais 2 por cento.

Na segunda posição aparece Boa Vista com 26,9%, seguida de Santiago com 11,2%. Cenário que se repete em relação as dormidas: Sal com 56%, Boa Vista com 33,9% e Santiago com 4,5 por cento.. O estudo mostra ainda que o principal mercado emissor foi Reino Unido, que responde por 22,7% das entradas. Alemanha é o segundo país que mais turistas enviou para Cabo Verde com 11,8%, França com 10,1%, Países Baixos (10%) e Portugal com 9,3 por cento. Quanto às dormidas, o Reino Unido também lidera com 30,2%, seguido de Alemanha (12,1%), Países Baixos (11,2%), França (8,1%) e Portugal (7,4%).

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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5 Comentários

  1. Entretanto, em Santo Antão, vai-se promovendo a criação nos meios rurais, de alojamentos para turistas em casas particulares, como fonte de rendimentos para as famílias. Quando tivermos casas rurais não teremos mais turistas. Mas teremos companhia aérea de bandeira.

  2. Cuidado com as análises dos comerciantes : a ilha de Santo Antão estava cheio de túristas, nunca tivemos tantos túristas !!

  3. Isso ka tem nada a ver com TACV/Cabo Verde Airlines! Isso é só propaganda político pelo Théo Lautrey. El ka studa estatísticas dretu. Tem ki analisa TENDENCIAS, não só dados para um ano! Soncente nunca foi muito procurado pelo turistas em comparação com Sal e Boavista. Por exemplo, procuração de Soncente em 2015 foi 6.6%, em 2016 foi 6.0%, em 2017 foi 6.3% e em 2018 for 6.1%. Nunca foi superior a 7%. Ou seja, nada ka muda na 2018 sobre Soncente.

    Entretanto, o que é mais preocupante é ki taxa de crescimento de tourismo em TUDO ilhas de Cabo Verde sta diminui tudo ano. Crescimento em 2016 foi 13.2%, em 2017 foi 11.2% e agora em 2018 foi só 6.8%. Então, algum coisa sta errado! Problem é ki crescimento começa fortíssimo por causa de Arab Spring. Mas, sendo Sal e Boavista tem só hoteís all-inclusive e k atem nenhum oferta cultural, e sendo kes países de Arab Spring sta muito mais calma, os turistas (de Inglaterra) ta volta pa kex países undi ki ex ta customa passa férias antes de Arab Spring! Por exemplo, turismo em Morrocos cresci mais de 10% in 2018. Em Egypt foi mais de 50%! Isso foi depois vários anos em declínio.

    Cabo Verde foi o beneficiário de Arab Spring. Agora ki Arab Spring já caba, seremos vítima pmd nos estrategia de turismo all-inclusive é ka sustentável.

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