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Enapor vai pagar salários em atraso, INPS e garantir o rendimento mensal dos trabalhadores da Atunlo até entrada de novo parceiro 

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A administração da Enapor, empresa concessionária da plataforma de frio Atunlo, reuniu-se esta segunda-feira, 31, com o colectivo de trabalhadores da empresa e o coordenador local do sindicato Siacsa para anunciar o pagamento ainda hoje dos seis meses de salário em atraso, a regularização do INPS e garantir os rendimentos mensais até que o novo parceiro assuma a gestão desta unidade industrial. Todas estas promessas foram repetidas posteriormente à imprensa por Ireneu Camacho, que estima que os valores a serem despendidos pela Enapor oscilam entre 30 a 35 mil contos. 

De acordo com o PCA, após assumir a concessão da plataforma, no dia 18 do corrente, comprometeu-se com os colaboradores que, até o dia 31, iria cumprir os quatro principais objectivos, nomeadamente o pagamento dos salários em atraso, do INPS, do IUR e as quotas dos sindicatos. “Estes grandes pontos agendados para o encontro de hoje já serão cumpridos. Todos os salários serão pagos, o INPS já está ativo, as quotas sindicais, entre outros direitos. A situação dos colaboradores fica resolvida.”

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Relativamente à situação laboral, Ireneu Camacho explica que Enapor está em negociação com um novo operador privado que deverá assumir a gestão da plataforma. Até lá, a empresa vai continuar a manter os salários dos colaboradores regularizados. “O novo operador privado vai absorver esses trabalhadores e dar seguimento a este grande projecto, que é Atunlo”, pontuou, realçando que, neste momento, a Enapor está numa fase avançada com pelo menos três operadores. “Acreditamos que, em maio, estaremos a assinar o contrato de subconcessão  da Atunlo com um novo operador e, no final do primeiro semestre, esta atividade que tanta falta faz à São Vicente e a economia de Cabo Verde.”

Ireneu Camacho recusou, entretanto, num primeiro momento, avançar o nome de qualquer operador, com o argumento de que ainda não há contrato assinado. Tentou igualmente esquivar-se de anunciar o esforço financeiro que a empresa está a fazer para regularizar a situação dos trabalhadores. “Antes de entrar em valores, queria dizer que a Enapor toma medidas com base em estudos bem planeados e não criam nenhuma dificuldade para a empresa. É um direito dos trabalhadores,” indicou.

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Afirmou, por outro lado, que foi assinado um contrato de subconcessão, que observa que a Enapor deve assumir as responsabilidades perante estas situação, pelo que mais do que estar a falar em valores é perceber que a situação dos colaboradores e das suas famílias ficam resolvidos. Entretanto, perante a insistência da imprensa, proclamou o montante entre 30 a 35 mil contos. 

“É importante perceber que o que estamos a fazer é um investimento e o novo operador que venha a trabalhar com a Enapor na gestão da plataforma deverá assumir estas situações. Como disse, este é um processo muito bem elaborado que prevê, claramente, que a Enapor não tenha problemas a nível das suas finanças”, reforçou o PCA, fixando um prazo de 15 a 30 dias para todos os colaboradores, inclusive os que estão fora da ilha, se apresentarem na empresa.

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“Temos de perceber que estes trabalhadores passaram por muitas dificuldades. Alguns deles foram para outras ilhas em busca de subsídios para poderem se aguentar. A Enapor tem de ser flexível. Este prazo para se apresentarem é uma prova que nos preocupamos com eles, estamos atentos e entendemos estas deslocações para o bem deles, das suas famílias e de todos.” Quanto aos que permaneceram em S. Vicente a partir de amanhã terão de deslocar-se a Atunlo, entre às 9 e às 12 horas, ainda que apenas para picar o ponto e depois regressar às suas casas. 

Mau cheiro 

Ireneu Camacho aproveitou para deixar claro que o mau cheiro que afetou o Porto Grande e a cidade do Mindelo vai ser resolvido, a título definitivo. “O novo parceiro terá de ter em vista que não vai haver tratamento de peixe na unidade. A Enapor não vai aceitar o tratamento de pescado nas instalações. O core business da Atunlo é uma plataforma de frio para fazer o congelamento e depois exportar os peixes. Este é o principal objectivo desta plataforma.”

O coordenador do Siacsa que, durante quase um ano esteve a apoiar os colaboradores da Atunlo, mostra-se satisfeito com o acordo conseguido. Destacou a forma como o PCA da Enapor liderou este processo e lembrou que os trabalhadores estão neste momento com seis meses de salário em atraso. “Estamos satisfeitos com esta primeira fase. Até agora, a maioria dos colaboradores manifestou intenção de manter o posto de trabalho.”

No que tange às quotas sindicais em atraso, Heidi Ganeto acredita que o Siacsa deverá receber em torno de 40 mil escudos, referente a seis meses de salários em atraso dos seus associados. A longo prazo, este líder sindical espera voltar à mesa das negociações com o novo parceiro, agora para discutir a melhoria salarial. Sobre este particular, afirmou que o sindicato defende que os trabalhadores das unidades industriais devem auferir, no mínimo, 20 mil escudos de salário.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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