O ministro Abraão Vicente disse esta manhã que, pela dinâmica dos eventos realizados em S. Vicente ligados ao mar e com a presença constante da FAO, a ilha “quase” que merecia a instalação dessa agência das Nações Unidas. Segundo o governante, a ideia foi lançada e certamente que muita gente agradeceria essa contínua desconcentração, visto que a cidade do Mindelo já é sede do Ministério do Mar.
A mensagem foi endereçada a Ana Laura Touza, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura em Cabo Verde, no lançamento do projecto “Cadeia de valor de peixes sustentáveis para pequenos Estados insulares em desenvolvimento”. Sobre esta iniciativa, que tem carácter nacional, Abraão Vicente ressalvou a sua importância pelo papel que terá nos subsectores da cadeia de valor do pescado, que vai da captura ao consumidor final. Reforça o governante que é necessário ainda regular todas as etapas para se garantir a oferta de produtos de qualidade provenientes do mar. Entende que é preciso encurtar os circuitos para que o pescado chegue em tempo útil e nas melhores condições de salubridade ao comprador.
Na perspectiva de A. Vicente, Cabo Verde tem a obrigação, enquanto Estado, de apostar no incentivo à criação de cooperativas e pequenas empresas adaptadas ao sector da produção e comercialização. “E esta foi a tónica da minha visita à região norte da ilha de Santiago, tendo foco no desencravamento de algumas regiões piscatórias que, sem infraestruturas de pesca e de logística de apoio para comercialização e capacitação dos players, o nosso mercado fica mais encurtado”, ilustra.
Para o ministro, o workshop nacional iniciado hoje em S. Vicente vai contribuir para o Governo aprimorar o plano nacional e será fundamental para a aposta na certificação das espécies, em particular das endémicas. A grande preocupação, disse, é reduzir as perdas por captura, situação que, segundo A. Vicente, está relacionada com a deficiência em sistemas de congelamento e de distribuição nalguns recantos do país e a demora em se colocar o produto à venda no mercado nacional.
Um dos focos do discurso de Abraão Vicente foram as mulheres, em particular as peixeiras, que, disse, são uma espécie de ícone na sociedade cabo-verdiana. Na sua perspectiva, é preciso ainda valorizar essa actividade profissional e adoptar medidas que visem a capacitação dessas mulheres e a sua entrada formal no sistema da previdência social. Abraão Vicente que considera fundamental perceber o peso demográfico das mulheres na sociedade, mais precisamente daquelas que estão ligadas à economia azul.
Financiado pela Coreia do Sul, através do Ministério dos Oceanos e Pescas, o projecto, segundo Ana Laura Touza, vai facilitar o intercâmbio e a partilha de informações entre os interessados e melhorar a compreensão sobre o funcionamento da cadeia de valor do pescado. Os resultados esperados são o aumento do desempenho económico das micro-pequenas-médias empresas, facilitar o acesso das mesmas aos fundos de financiamento e fortalecer a sustentabilidade ambiental das cadeias de valor.