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Atletas de voleibol multadas em jogo-treino no Polidesportivo de Oeiras

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Atletas de voleibol que jogam no Farense e no Desportivo de Fonte Francês foram no último sábado surpreendidas pela equipa multidisciplinar criada para fiscalizar a implementação das medidas para prevenção da Covid-19 em São Vicente durante um jogo-treino no Polidesportivo de Oeiras. Este “incumprimento” valeu-lhes uma coima de 1500 escudos a cada uma. Inconformadas, estas recusam determinantemente a pagar, alegando que alugaram o espaço e tinha autorização do seu responsável para jogar. Afirma ainda que o Polidesportivo foi licenciado pela Delegacia de Saúde.

Em declarações ao Mindelinsite, Aryneusa “Ary” dos Santos confirma que, por volta das 22 horas de sábado, chegou no Polidesportivo da Oeiras, após sair do trabalho, para o habitual jogo treino da sua equipa, o Farense, contra Desportivo de F. Francês. De imediato, percebeu uma movimentação estranha. “Encontrei Polícia Nacional, Forças Armadas e IGAE na rua. Fui entrar e uma colega me advertiu, alertando que, caso entrasse, seria também multada. Chamei o responsável pela gestão do Polidesportivo porque estávamos a pagar mil escudos para utilizar o espaço durante duas horas, avisando que todas as jogadoras, equipa de arbitragem e alguns colegas que se quer estavam a jogar foram multados. Fiquei de fora porque cheguei atrasada”, declara esta jovem, que se mostra revoltada.

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Na hora, prossegue, optou pelo diálogo para evitar males maiores. “Tentei explicar que tínhamos uma autorização para jogar. Já a responsável pela gestão do espaço mostrou-se descontente com a situação. Esta alegou que tem na sua posse um aval da Delegacia da Saúde para permitir treinos e jogos, sem público. Ficamos revoltadas porque, se não podemos treinar, tínhamos de ser alertadas por quem de direito”, assegura, realçando que estavam no espaço apenas 13/14 pessoas. “Penso que, ao chegarem, deviam fazer uma chamada de atenção, e não aplicar multas a todas nós”.

Ary diz que a sua revolta é maior porque as colegas podem pensar que ela não as avisou de propósito. “Estou indignada por fui eu que organizei o jogo. Ass meninas podem pensar que as chamei para serem multadas. Tudo vai ficar sobre os mesmos ombros, sendo que durante a quarentena sempre fizemos os nossos treinos e jogos sem problema. Normalmente jogados de dia, desta vez decidimos fazer um treino à noite. Inclusive a ideia era fazer um convívio depois, mas decidimos cancelar a iniciativa para evitar aglomeração”, desabafa, acrescentando que, caso tivessem feito o convívio, dificilmente seriam multados, o que aumenta a sua revolta porque optaram por jogar, ao invés de divertir.

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Perante os factos, as atletas mostram-se relutante em pagar a multa porquanto, afirma, esta acção da equipa multidisciplinar foi excessiva, pontua Ary dos Santos, que diz ser esta a primeira vez em que foram coimadas, apesar de sempre treinarem e jogarem durante esta pandemia. Admite, no entanto, que há alguns meses, antes do início de um jogo no polivalente da E. S. Jorge Barbosa, a Polícia Nacional obrigou-as a ir para casa. “Somos jovens-atletas, queremos treinar e não temos tempo. Não entendo porque somos impedidos quando vemos bares a funcionar até altas horas.”

Actividades desportivas suspensas

Sem falar especificamente no caso, a coordenadora da equipa multidisciplinar lembra as actividades desportivas estão suspensas. “Esta situação em concreto não me foi reportada. Mas, o que posso dizer, é que sempre que recebemos uma denúncia e vamos averiguar se procede. No voleibol não há muito contacto, mas as atletas usam a mesma bola. Têm contacto com ela e depois podem correr a mão no rosto e nos olhos. Se houver um contaminado, pode passar para todas. Por isso as actividades desportivas estão proibidas”, afirma Vitória Veríssimo. De fora estão apenas as actividades nos ginásios, que continuam abertos nesta altura, mas sob fortes medidas sanitárias. Já a nível individual, pontuas, as pessoas podem fazer os seus exercícios sem preocupação. “Tudo o que é desporto de equipa está suspensa”, reforça.

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Segundo esta responsável, a equipa, constituída por PN, FA e IGAE está há três semanas a fazer fiscalização em São Vicente. “Temos feito patrulhamento nos espaços com mais aglomeração e confusão de pessoas, visitamos instituições, lojas, padarias, barbearias. Fazemos fiscalização para garantir que as medidas da Covid-19 que estão na lei estão a ser implementadas, como também a higienização e controlo de pragas, detalha, acrescentando que estão a aplicar coimas.

Mas é sobretudo a não utilização de máscaras faciais que tem merecido a atenção das autoridades. “Encontramos pessoas com mascaras nos braços, no queixo e nas malas, e solicitamos a sua utilização correcta. Mas há aqueles que resistem e, neste caso, aplicamos coimas. Até o dia 29 de maio aplicamos 49 multas. Falta aqui ainda os dados de domingo, mas posso dizer que uma média de 55 pessoas já foram aplicados coimas”, refere.

Foram ainda fiscalizados 115 estabelecimentos, dos quais três receberam selos de confiabilidade sanitária e 30 tiveram as actividades suspensas devido a falta de higiene e incumprimento das normas sanitárias. “Esta suspensão depende de a capacidade do operador repor a normalidade. Se conseguir cumprir em 1h, 2h ou 24 horas, o espaço é aberto.”

Em relação às patrulhas, informa, ocorrem ao longo do dia, mas também de noite, por forma a contemplar os bares, restaurantes e espaços de funcionamento nocturno. Ou seja, os horários são flexíveis, em função das necessidades. “Também somos solicitados pelas autoridades sanitárias para fiscalizar o cumprimento da quarentena domiciliaria. Em caso de incumprimento, as pessoas são colocadas sob vigilância. Mas já tivemos casos em que estas foram transportadas para o Centro de Estágio.”

Vitória Veríssimo acredita que os resultados começam a aparecer, citando como exemplo a redução de 362 para 180 pessoas em quarentena domiciliária durante este período. “Não estamos a dizer que esta redução foi por causa destas acções, até porque acredito que as pessoas estão a ficar mais conscientes e a tomar medidas, principalmente a usar máscaras e a evitar aglomerações. Mas continuamos a encontrar incumpridores, principalmente quanto ao horário de encerramento dos espaços nocturnos”, arremata.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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